27 de jun. de 2008

Grande Sertão: imagens

Grande Sertão: imagens
O ensaio fotográfico de João Correia Filho retoma a trilha de Guimarães Rosa para homenagear o centenário do nascimento do escritor, comemorado este mês
Uma das dezenas de definições de sertão presentes em Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa, serviu de inspiração para um ensaio fotográfico ímpar.
"Sertão, - se diz -, o senhor querendo procurar, nunca não encontra. De repente, por si, quando a gente não espera, o sertão vem".
A frase, dita pelo personagem principal de Grande Sertão: Veredas, esteve sempre presente nos mais de oito anos em que o fotojornalista João Correia Filho refez o itinerário do jagunço Riobaldo Tatarana. Nesse ensaio, João Correia registra as paisagens, os animais, as manifestações religiosas e o modo de vida de sertanejos que facilmente figurariam no romance do escritor mineiro, cujos cem anos de nascimento se homenageiam este junho.
Com base nas descrições minuciosas da obra, Correia mapeou os locais citados e buscou sua interpretação para o romance que é tido como um marco no regionalismo literário brasileiro. Também teve como base o livro Itinerário de Riobaldo Tatarana, do pesquisador Alan Viggiano, que aponta nos mapas a maioria dos locais citados na obra. A partir daí, tem percorrido todo o norte de Minas Gerais, até a divisa com os Estados da Bahia e Goiás, para registrar as trilhas do jagunço pelo sertão central do país.
Em suas imagens, destaca o cerrado como elemento crucial na composição da obra de Rosa.- Muita gente confunde o sertão roseano com a caatinga nordestina, mas a obra tem como cenário o cerrado, região que abriga um dos ecossistemas mais ricos e complexos do mundo. É a partir daí que o escritor transcende o real e universaliza o sertão - diz. Bebendo nessa fonte, o fotojornalista imprime cores fortes à sua visão do romance. Da água que brota das veredas à imensidão dos grandes rios, registra aspectos que remetem à obra do escritor e refletem o viver sertanejo. São contadores de estória, benzedeiras, cavaleiros, barqueiros, violeiros e crianças que poderiam figurar no universo mítico de Rosa, e representam, neste ensaio, uma forma de expor a essência de uma das maiores obras da nossa literatura.
Fonte:http://revistalingua.uol.com.br/textos.asp?codigo=11540

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