WLADEMIR DIAS-PINO
É um dos maiores valores da poesia visual brasileira. Integrou o movimento concretista, fundado pelos irmãos Campos. Participou da "Exposição Nacional de Arte Concreta" em 1956 no MASP. Publicou "Solida" em 1952, o primeiro "Livro-Poema" brasileiro. Em 1956 publicou "A Ave”: Mais tarde rompeu com o concretismo. Em 1967, com Álvaro de Sá e Neide Dias de Sá organizou na ESDI a exposição "LANÇAMENTO do POEMA-PROCESSO", ao mesmo tempo Moacy Cime iniciava o movimento no Nordeste. Para romper a tática de 'bloquear informações' dos paulistas, organizou a passeata de "Rasgação de Livros" em 1968, ano que publicou "Metacódigo". Em 1972, devido a repressão política o movimento dissolveu-se, lançando o manifesto "Parada Tática”. Atualmente desenvolve o Poema Conceito.Veja>>> CALIGRAMAS / CALIGRAMMES, seleção original de WLADEMIR DIAS-PINO:http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_visual/caligramas.html
WLADEMIR DIAS-PINO
DADOS BIOGRÁFICOS
1927 - Nasce em 24 de abril, na cidade do Rio de Janeiro.
1936 - Acompanha a família transferida para Mato Grosso. O pai, anarquista e tipógrafo da Imprensa Nacional, por motivos políticos vai morar na província.
1940 - Publica A Fome dos Lados, poema em forma de livro que se abre verticalmente.
1941 - Pública A Máquina que Ri, também em forma de livro, explorando a horizontalidade da página branca.
1947 – Publicao livro Perfil.
1948 - Publica Dia da Cidade, livro-poema que espacializa as palavras dando funcionalidade ao branco. Começa a elaborar A Ave, poema voltado para as questões do manuseio e da visualidade, como livro-poema.
1949 - Funda o jornal Arauto de Juvenília, juntamente com o poeta Benedito Sant´Ana da Silva Freire tendo como órgão divulgador o jornal Sarã. Ambos iniciam o processo de renovação das letras cuiabanas, na tentativa de sacudir a pasmaceira e acertar o relógio da província.
1951 - Lança o movimento Intensivista com Rubens de Mendonça e Othoniel Silva.
1952 - Publica Poemas Desmontáveis. Transfere-se para o Rio de Janeiro, onde permanece por 20 anos.
1953 - Funda o jornal Japa, juntamente com Silva Freire, com a finalidade de publicar poetas jovens.
1954 - Edita Os Corcundas.
1955 - Publica A Máquina ou A Coisa em Si. Nessa época dedica-se também à pintura, elaborando a série Direcional.
1956 - Publica A Ave, livro inteiramente artesanal, com cerca de 300 exemplares, onde a perfuração, a cor e os gráficos funcionais fazem dele o primeiro livro-poema cibernético, cuja lógica está na fisicalidade do objeto-livro, quando o poema se realiza e a decodificação se dá através do manuseio. Nesse mesmo ano, faz parte do meio estudantil e elabora a programação visual da revista Movimento, da União Nacional dos Estudantes - UNE. Junto com Haroldo de Campos, Décio Pignatari, Augusto de Campos, Ronaldo Azeredo e Ferreira Gullar, funda o movimento da Poesia Concreta. Ao lado desses poetas e 22 artistas plásticos, participa da Primeira Exposição Nacional de Arte Concreta, em dezembro desse mesmo ano, em São Paulo e em fevereiro de 1957, no Rio de Janeiro. Ainda em 1956, promove a Primeira Noite de Arte Concreta na UNE, juntamente com o Poeta Silva Freire, introduzindo no meio estudantil o debate sobre a arte de vanguarda.
1957 - Publica Poema Espacional.
1958 - Realiza no carnaval, a primeira decoração geométrica do obelisco até a Praça Mauá no Rio de Janeiro. Publica Poemas para Armar e Poemas Manipuláveis.
1960 - Procede à releitura desses poemas, resultando nas várias versões, do poema visual Solida, publicadas em 1962. Entre 1960 e 1961, compôs o livro-poema Numéricos, publicado em 1968.
1962 – Edita Os Elementos.
1962/8 - Publica Metacódigo.
1963 - Publica Capa e Contra-Capa.
1967 - Publica Brasil Meia-Meia.
1967 - Participa da IX Bienal de São Paulo, com os Objetos Sensoriais. Em dezembro desse mesmo ano, funda, com outros poetas, o movimento Poema//Processo.
1968 – Em janeiro, o movimento liderado pelo poeta realiza ato público coletivo, um happening, nas escadarias do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, onde são rasgados livros de Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de Melo Neto, entre outros, por serem, segundo WDP, poetas discursivos. Ainda em 1968, é convidado a participar da Primeira Bienal de Arte Moderna de Nuremberg. Nesse mesmo período e nos anos iniciais da década de 1970, foi intensa a atividade do poeta, multiplicando-se as exposições deslocadas do Rio de Janeiro, ampliando a divulgação do Poema//Processo em Fortaleza, Natal, João Pessoa, Campina Grande, Olinda, Recife, Salvador, Ouro Preto, Florianópolos, Montevidéu e Buenos Aires.
1971 - Lança o livro Processo: Linguagem e Comunicação, que contém os princípios norteadores do Poema//Processo e uma antologia de poemas visuais representativos do movimento.
1972/3 - Retorna à Cuiabá para integrar o quadro técnico da UFMT, atuando como assessor da reitoria, pesquisador e programador visual e onde permanecerá por 25 anos.
1974 - Publica em colaboração com João Felício dos Santos, A Marca e o Logotipo Brasileiros, com posfácio de Antônio Houaiss qualificando o livro como “um catálogo nacional e temático de marcas e logotipos que constitui preciosa iniciação à faculdade de ver.”
1976/7 - Projeta e realiza a decorações geométricas para o carnaval de rua em Cuiabá intituladas; “Floração do Cerrado” e “Mosaicos Cuiabanos”.
1982 - Publica pelo Departamento de letras da UFMT , Wlademir Dias-Pino, a separação entre inscrever e escrever, catálogo de exposição retrospectiva, com depoimentos, poemas e iconografia do poeta.
1986 - Publica o livro-poema Numéricos, síntese das principais propostas do experimentalismo desenvolvido pelo poeta durante a fase da poesia concreta.
1990 - No início da década foram publicados, ao mesmo tempo, seis livros-caixas da Enciclopédia Visual. O conjunto dedica-se à pesquisa de caligramas, representações, escritas arcaicas, silhuetas femininas e desenhos art-nouveau da segunda metade do século XIX, elaborados pelo ilustrador inglês Aubrey Vincent Beardsley.
1994/2006 - Conclui suas atividades na UFMT retornando ao Rio de Janeiro dedicando-se à Enciclopédia Visual, programação visual, desenho e a pintura.
2007 – Conclui em parceria com Regina Pouchain o projeto dos Contrapoemas (Poemas Sem Palavras).
28 de jun. de 2008
ENTREVISTA: A REVOLUÇÃO LÚDICA DE MANOEL DE BARROS
Manoel de Barros: ''O cisco tem para mim uma importância de catedral!''
Tolstói disse que para ser universal é preciso cantar a própria aldeia. O poeta Manoel de Barros considera que ser universal é uma evolução. Mas este bardo periférico de miudezas épicas, com seus 90 anos, completados em dezembro, vai muito além, consegue ser mais "ex-cêntrico", pois canta um fragmento mínimo da aldeia - o próprio quintal. E, para um poeta que foi militante da Juventude Comunista, isso é revolução.
A revolução lúdica de Manoel de Barros é feita com cisco, borra, lata e sol, sapo, formiga, lagartixa e passarinho. Vale dizer: com palavras, pois são elas o brinquedo de armar do vate mato-grossense. Mas cuidado: "Hoje amarrei no rosto das palavras minha máscara", adverte-nos em Poemas rupestres, porque toda essa lírica de calças curtas, pés no chão e penacho de estrelas oculta uma atiradeira no bolso de trás da gramática, para "jogar pedra no bom senso". Alguma coisa zen, contudo, permanece na poesia pantaneira de Manoel de Barros. "Daqui vem que os poetas podem compreender/ o mundo sem conceitos" (Ensaios fotográficos). Essa duplicidade corresponde a algo como um paradoxo budista em que os meios justificam os fins. Conta-se de um mestre zen que, antes de aceitar um aspirante, na soleira do templo, para testá-lo, esbofeteava-lhe a face. Caso o candidato reagisse com ira, era recusado. "Quem atinge o valor do que não presta é, no mínimo,/ um sábio ou um poeta" (Ensaios fotográficos). É preciso dar a outra face, às vezes, para acolher as muitas bofetadas semânticas do poeta. Tapas no "homem de lata", sopapos no erudito pernóstico, bofetes na mediocridade.
Como a vida, nesse aspecto, é igualmente pródiga, Manoel de Barros, coerente com sua "prática do limo" (Gramática expositiva), reage aos pescoções que, por sua vez, recebe da crítica, resignadamente: "Repetir é minha tortura", confessa. Quando meu amigo Fábio Schatzmann me abriu o caminho para a lírica do poeta mato-grossense, com uma mão-cheia de livros, o eterno retorno dessa obra pantaneira se tornou evidente. Fatos são fatos e contra eles não há argumentos. Mas ao cabo, citando o Eclesiastes, "nada há de novo debaixo do sol". Tudo se repete, as marés, os dias, as estações, os anos, os sentimentos, as esperanças e as palavras.
Há uma teoria de que o próprio universo de repete em big bangs. O poeta, afinal, está certo, somos apenas poeira de estrelas. Entretanto, apesar de tudo, nada é igual, apenas semelhante. Basta pestanejar, e o mundo mudou. Assim é a galáxia de Manoel de Barros, espiralada, igualmente desigual. Como diz em Tratado geral das grandezas do ínfimo: "Poeta/ é uma pessoa/ que reverdece nele mesmo".
Nesta entrevista, Manoel de Barros responde sintética, mas essencialmente a perguntas enviadas por e-mail.
• Aos 90 anos, o senhor continua, como no poema Enunciado, gozando suas "horas a brincar com palavras"?
Existe projeto de um novo livro?Já disse muitas vezes que pratico todos os dias a Língua de brincar. Repito ainda que a palavra só me seduz quando chega ao grau de brinquedo.
• Geográfica e poeticamente falando, Manoel de Barros é um poeta de periferia ou tal coisa não existe na medida em que o centro está onde estamos?
Ser de periferia traz a idéia de que faço uma poesia de recanto. Considero que ser universal é uma evolução, mas ser de periferia é uma revolução. Acho que faço a poesia do meu quintal.
• Alguns de seus poemas colocam ordem no insignificante, nomeando os sintomas da "disfunção lírica" e relacionando "privilégios de ser pedra". Em Tributo a J.G. Rosa existe uma ordem, digamos, silogística. Pode-se dizer que há um sistema nessa poesia rupestre e instintiva?
Não há sistema nem lógica. O que faço com alguma jubilação é jogar pedra no bom senso.
• Versos do poema O cisco dizem: "Para compor um tratado de passarinhos/ É preciso por primeiro que haja um rio com árvores/ e palmeiras nas margens". A consoante "p", de passarinho, voeja por toda a extensão dos versos. Qual importância tem o rigor formal em seu trabalho?
O rigor formal tem para a poesia mais importância do que as idéias. Poesia é armação de palavras com um canto dentro.
• Alguns metapoemas, em Ensaios fotográficos, sugerem esse caminho, como em O roceiro: "Retiro de novo as pragas: objetos de aves, adjetivos ... E deixo o texto a germinar sobre o branco do papel". Existe uma bênção da inocência nas palavras.
• Em Arranjos para assovio há um verso: "Ninguém é pai de um poema sem morrer". Em Ensaios fotográficos há versos como "falar a partir de ninguém" e "compreender o mundo sem conceitos". Em Tratado geral das grandezas do ínfimo, no poema Ascensão, refere-se ao "feto do verbo" e nos Poemas rupestres "as coisas todas inominadas". Existe algo de zen nesse fazer poético: "Sou beato de águas/ de pedras/ e de aves"?
É isso mesmo. E tem mais uma coisa: o cisco tem para mim uma importância de catedral!
• Gaston Bachelar, em A poética do espaço, escreve que "tomar uma lupa é prestar atenção" e pergunta "prestar atenção não será possuir uma lupa?". Os poemas de Manoel de Barros são uma lupa para as grandezas das insignificâncias. É assim?
Eu não uso lupa. As coisas miúdas que aparecem para mim enormes são visões. Porque eu não tenho o ver, eu tenho visões. As visões vêm sempre acompanhadas de loucuras, fantasias, bobagens profundas ou coisinhas de nada e vãs. Ponere res ante óculos.
• Alguns críticos falam em "barrismo" e dizem que o senhor se autoplagia, que usa as mesmas estruturas (despalavra, desorgulhoso, etc.), as mesmas categorias morfológicas ("eu me eremito", letral, etc.), os mesmos temas (lata, passarinho, visgo, formiga). O que o senhor pensa disso?
Repetir é minha tortura. Mas como posso não repetir as palavras se elas estão pregadas na minha existência?
• O senhor trocou o comunismo internacional pela comunhão pantaneira. O que Manoel de Barras pensa hoje sobre a política?
Já fui comunista depois virei poeta. Meu comunismo era um sonho de fazer o mundo melhor. Agora eu tenho um novo sonho: é o sonho de inserir no meio das palavras certa harmonia que aprendi por ouvir o gorjeio dos pássaros.
• Em Sabiá com trevas, de Arranjos para assobio, livro de 1980, há um poema no qual o sujeito lírico parece responder a uma entrevista. Passou-se um quarto de século, por isso, vou aqui parafrasear algumas daquelas questões, desta vez, para o senhor responder em prosa.
— Difícil de entender [parte de] sua poesia, o senhor concorda?Concordo que seja difícil entender a minha poesia porque ela é feita de imagens. O leitor terá que botar a imagem concretizada no olho.
— E sobre a palavra?
A palavra é matéria que eu uso para armar o verso.
— Alguns dados biográficos?
Nasci na beira do rio Cuiabá em 1916. Não sei morrer.
— E como é que o senhor escreve?
Escrevo a lápis. Hoje sou marginal porque não sei mexer com computador.
Sobre o autorManoel de Barros nasceu em Cuiabá (MT), no Beco da Marinha, beira do Rio Cuiabá, em 19 de dezembro de 1916. Atualmente mora em Campo Grande (MS). É advogado, fazendeiro e poeta.
É autor de:
• 1937 Poemas concebidos sem pecado• 1942 Face imóvel• 1956 Poesias• 1960 Compêndio para uso dos pássaros• 1966 Gramática expositiva do chão• 1974 Matéria de poesia• 1982 Arranjos para assobio• 1985 Livro de pré-coisas (Ilustração da capa: Martha Barros)• 1989 O guardador das águas• 1990 Poesia quase toda• 1991 Concerto a céu aberto para solos de aves• 1993 O livro das ignorãças• 1996 Livro sobre nada (Ilustrações de Wega Nery)• 1998 Retrato do artista quando coisa (Ilustrações de Millôr Fernandes)• 1999 Exercícios de ser criança• 2000 Ensaios fotográficos• 2001 O fazedor de amanhecer• 2001 Poeminhas pescados numa fala de João• 2001 Tratado geral das grandezas do ínfimo (Ilustrações de Martha Barros)• 2003 Memórias inventadas - A infância (Ilustrações de Martha Barros)• 2003 Cantigas para um passarinho à toa• 2004 Poemas rupestres (Ilustrações de Martha Barros)• 2006 Memórias inventadas - A segunda infância
Fonte: Projeto Releituras (www.releituras.com)
Tolstói disse que para ser universal é preciso cantar a própria aldeia. O poeta Manoel de Barros considera que ser universal é uma evolução. Mas este bardo periférico de miudezas épicas, com seus 90 anos, completados em dezembro, vai muito além, consegue ser mais "ex-cêntrico", pois canta um fragmento mínimo da aldeia - o próprio quintal. E, para um poeta que foi militante da Juventude Comunista, isso é revolução.
A revolução lúdica de Manoel de Barros é feita com cisco, borra, lata e sol, sapo, formiga, lagartixa e passarinho. Vale dizer: com palavras, pois são elas o brinquedo de armar do vate mato-grossense. Mas cuidado: "Hoje amarrei no rosto das palavras minha máscara", adverte-nos em Poemas rupestres, porque toda essa lírica de calças curtas, pés no chão e penacho de estrelas oculta uma atiradeira no bolso de trás da gramática, para "jogar pedra no bom senso". Alguma coisa zen, contudo, permanece na poesia pantaneira de Manoel de Barros. "Daqui vem que os poetas podem compreender/ o mundo sem conceitos" (Ensaios fotográficos). Essa duplicidade corresponde a algo como um paradoxo budista em que os meios justificam os fins. Conta-se de um mestre zen que, antes de aceitar um aspirante, na soleira do templo, para testá-lo, esbofeteava-lhe a face. Caso o candidato reagisse com ira, era recusado. "Quem atinge o valor do que não presta é, no mínimo,/ um sábio ou um poeta" (Ensaios fotográficos). É preciso dar a outra face, às vezes, para acolher as muitas bofetadas semânticas do poeta. Tapas no "homem de lata", sopapos no erudito pernóstico, bofetes na mediocridade.
Como a vida, nesse aspecto, é igualmente pródiga, Manoel de Barros, coerente com sua "prática do limo" (Gramática expositiva), reage aos pescoções que, por sua vez, recebe da crítica, resignadamente: "Repetir é minha tortura", confessa. Quando meu amigo Fábio Schatzmann me abriu o caminho para a lírica do poeta mato-grossense, com uma mão-cheia de livros, o eterno retorno dessa obra pantaneira se tornou evidente. Fatos são fatos e contra eles não há argumentos. Mas ao cabo, citando o Eclesiastes, "nada há de novo debaixo do sol". Tudo se repete, as marés, os dias, as estações, os anos, os sentimentos, as esperanças e as palavras.
Há uma teoria de que o próprio universo de repete em big bangs. O poeta, afinal, está certo, somos apenas poeira de estrelas. Entretanto, apesar de tudo, nada é igual, apenas semelhante. Basta pestanejar, e o mundo mudou. Assim é a galáxia de Manoel de Barros, espiralada, igualmente desigual. Como diz em Tratado geral das grandezas do ínfimo: "Poeta/ é uma pessoa/ que reverdece nele mesmo".
Nesta entrevista, Manoel de Barros responde sintética, mas essencialmente a perguntas enviadas por e-mail.
• Aos 90 anos, o senhor continua, como no poema Enunciado, gozando suas "horas a brincar com palavras"?
Existe projeto de um novo livro?Já disse muitas vezes que pratico todos os dias a Língua de brincar. Repito ainda que a palavra só me seduz quando chega ao grau de brinquedo.
• Geográfica e poeticamente falando, Manoel de Barros é um poeta de periferia ou tal coisa não existe na medida em que o centro está onde estamos?
Ser de periferia traz a idéia de que faço uma poesia de recanto. Considero que ser universal é uma evolução, mas ser de periferia é uma revolução. Acho que faço a poesia do meu quintal.
• Alguns de seus poemas colocam ordem no insignificante, nomeando os sintomas da "disfunção lírica" e relacionando "privilégios de ser pedra". Em Tributo a J.G. Rosa existe uma ordem, digamos, silogística. Pode-se dizer que há um sistema nessa poesia rupestre e instintiva?
Não há sistema nem lógica. O que faço com alguma jubilação é jogar pedra no bom senso.
• Versos do poema O cisco dizem: "Para compor um tratado de passarinhos/ É preciso por primeiro que haja um rio com árvores/ e palmeiras nas margens". A consoante "p", de passarinho, voeja por toda a extensão dos versos. Qual importância tem o rigor formal em seu trabalho?
O rigor formal tem para a poesia mais importância do que as idéias. Poesia é armação de palavras com um canto dentro.
• Alguns metapoemas, em Ensaios fotográficos, sugerem esse caminho, como em O roceiro: "Retiro de novo as pragas: objetos de aves, adjetivos ... E deixo o texto a germinar sobre o branco do papel". Existe uma bênção da inocência nas palavras.
• Em Arranjos para assovio há um verso: "Ninguém é pai de um poema sem morrer". Em Ensaios fotográficos há versos como "falar a partir de ninguém" e "compreender o mundo sem conceitos". Em Tratado geral das grandezas do ínfimo, no poema Ascensão, refere-se ao "feto do verbo" e nos Poemas rupestres "as coisas todas inominadas". Existe algo de zen nesse fazer poético: "Sou beato de águas/ de pedras/ e de aves"?
É isso mesmo. E tem mais uma coisa: o cisco tem para mim uma importância de catedral!
• Gaston Bachelar, em A poética do espaço, escreve que "tomar uma lupa é prestar atenção" e pergunta "prestar atenção não será possuir uma lupa?". Os poemas de Manoel de Barros são uma lupa para as grandezas das insignificâncias. É assim?
Eu não uso lupa. As coisas miúdas que aparecem para mim enormes são visões. Porque eu não tenho o ver, eu tenho visões. As visões vêm sempre acompanhadas de loucuras, fantasias, bobagens profundas ou coisinhas de nada e vãs. Ponere res ante óculos.
• Alguns críticos falam em "barrismo" e dizem que o senhor se autoplagia, que usa as mesmas estruturas (despalavra, desorgulhoso, etc.), as mesmas categorias morfológicas ("eu me eremito", letral, etc.), os mesmos temas (lata, passarinho, visgo, formiga). O que o senhor pensa disso?
Repetir é minha tortura. Mas como posso não repetir as palavras se elas estão pregadas na minha existência?
• O senhor trocou o comunismo internacional pela comunhão pantaneira. O que Manoel de Barras pensa hoje sobre a política?
Já fui comunista depois virei poeta. Meu comunismo era um sonho de fazer o mundo melhor. Agora eu tenho um novo sonho: é o sonho de inserir no meio das palavras certa harmonia que aprendi por ouvir o gorjeio dos pássaros.
• Em Sabiá com trevas, de Arranjos para assobio, livro de 1980, há um poema no qual o sujeito lírico parece responder a uma entrevista. Passou-se um quarto de século, por isso, vou aqui parafrasear algumas daquelas questões, desta vez, para o senhor responder em prosa.
— Difícil de entender [parte de] sua poesia, o senhor concorda?Concordo que seja difícil entender a minha poesia porque ela é feita de imagens. O leitor terá que botar a imagem concretizada no olho.
— E sobre a palavra?
A palavra é matéria que eu uso para armar o verso.
— Alguns dados biográficos?
Nasci na beira do rio Cuiabá em 1916. Não sei morrer.
— E como é que o senhor escreve?
Escrevo a lápis. Hoje sou marginal porque não sei mexer com computador.
Sobre o autorManoel de Barros nasceu em Cuiabá (MT), no Beco da Marinha, beira do Rio Cuiabá, em 19 de dezembro de 1916. Atualmente mora em Campo Grande (MS). É advogado, fazendeiro e poeta.
É autor de:
• 1937 Poemas concebidos sem pecado• 1942 Face imóvel• 1956 Poesias• 1960 Compêndio para uso dos pássaros• 1966 Gramática expositiva do chão• 1974 Matéria de poesia• 1982 Arranjos para assobio• 1985 Livro de pré-coisas (Ilustração da capa: Martha Barros)• 1989 O guardador das águas• 1990 Poesia quase toda• 1991 Concerto a céu aberto para solos de aves• 1993 O livro das ignorãças• 1996 Livro sobre nada (Ilustrações de Wega Nery)• 1998 Retrato do artista quando coisa (Ilustrações de Millôr Fernandes)• 1999 Exercícios de ser criança• 2000 Ensaios fotográficos• 2001 O fazedor de amanhecer• 2001 Poeminhas pescados numa fala de João• 2001 Tratado geral das grandezas do ínfimo (Ilustrações de Martha Barros)• 2003 Memórias inventadas - A infância (Ilustrações de Martha Barros)• 2003 Cantigas para um passarinho à toa• 2004 Poemas rupestres (Ilustrações de Martha Barros)• 2006 Memórias inventadas - A segunda infância
Fonte: Projeto Releituras (www.releituras.com)
SAUDADE
"...Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda nao foi embora, mas o amado já...
Saudade é amar um passado que ainda não passou, é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...
Saudade é sentir que existe o que não existe mais...
Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para tras,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...
Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade: "aquela que nunca amou."
E esse é o maior dos sofrimentos: não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.
O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido..."
Pablo Neruda
é quando o amor ainda nao foi embora, mas o amado já...
Saudade é amar um passado que ainda não passou, é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...
Saudade é sentir que existe o que não existe mais...
Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para tras,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...
Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade: "aquela que nunca amou."
E esse é o maior dos sofrimentos: não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.
O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido..."
Pablo Neruda
27 de jun. de 2008
As Três Peneiras de Sócrates -
As Três Peneiras de Sócrates
Um homem foi ao encontro de Sócrates levando ao filósofo uma informação que julgava de seu interesse:
— Quero contar-te uma coisa a respeito de um amigo teu!
— Espera — disse o sábio. Antes de contar-me, quero saber se fizeste passar essa informação pelas três peneiras.
— Três peneiras? Que queres dizer?
— Devemos sempre usar as três peneiras. Se não as conheces, presta bem atenção. A primeira é a peneira da VERDADE. Tens certeza de que isso que queres dizer-me é verdade?
— Bem, foi o que ouvi outros contarem. Não sei exatamente se é verdade.
— A segunda peneira é a da BONDADE. Com certeza, deves ter passado a informação pela peneira da bondade. Ou não?
Envergonhado, o homem respondeu:
— Devo confessar que não.
— A terceira peneira é a da UTILIDADE. Pensaste bem se é útil o que vieste falar a respeito do meu amigo?
— Útil? Na verdade, não.
— Então, disse-lhe o sábio, se o que queres contar-me não é verdadeiro, nem bom, nem útil, então é melhor que o guardes apenas para ti.
Fonte: http://www.geocities.com/Athens/4539/index.html
Um homem foi ao encontro de Sócrates levando ao filósofo uma informação que julgava de seu interesse:
— Quero contar-te uma coisa a respeito de um amigo teu!
— Espera — disse o sábio. Antes de contar-me, quero saber se fizeste passar essa informação pelas três peneiras.
— Três peneiras? Que queres dizer?
— Devemos sempre usar as três peneiras. Se não as conheces, presta bem atenção. A primeira é a peneira da VERDADE. Tens certeza de que isso que queres dizer-me é verdade?
— Bem, foi o que ouvi outros contarem. Não sei exatamente se é verdade.
— A segunda peneira é a da BONDADE. Com certeza, deves ter passado a informação pela peneira da bondade. Ou não?
Envergonhado, o homem respondeu:
— Devo confessar que não.
— A terceira peneira é a da UTILIDADE. Pensaste bem se é útil o que vieste falar a respeito do meu amigo?
— Útil? Na verdade, não.
— Então, disse-lhe o sábio, se o que queres contar-me não é verdadeiro, nem bom, nem útil, então é melhor que o guardes apenas para ti.
Fonte: http://www.geocities.com/Athens/4539/index.html
Grande Sertão: imagens
Grande Sertão: imagens
O ensaio fotográfico de João Correia Filho retoma a trilha de Guimarães Rosa para homenagear o centenário do nascimento do escritor, comemorado este mês
Uma das dezenas de definições de sertão presentes em Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa, serviu de inspiração para um ensaio fotográfico ímpar.
"Sertão, - se diz -, o senhor querendo procurar, nunca não encontra. De repente, por si, quando a gente não espera, o sertão vem".
A frase, dita pelo personagem principal de Grande Sertão: Veredas, esteve sempre presente nos mais de oito anos em que o fotojornalista João Correia Filho refez o itinerário do jagunço Riobaldo Tatarana. Nesse ensaio, João Correia registra as paisagens, os animais, as manifestações religiosas e o modo de vida de sertanejos que facilmente figurariam no romance do escritor mineiro, cujos cem anos de nascimento se homenageiam este junho.
Com base nas descrições minuciosas da obra, Correia mapeou os locais citados e buscou sua interpretação para o romance que é tido como um marco no regionalismo literário brasileiro. Também teve como base o livro Itinerário de Riobaldo Tatarana, do pesquisador Alan Viggiano, que aponta nos mapas a maioria dos locais citados na obra. A partir daí, tem percorrido todo o norte de Minas Gerais, até a divisa com os Estados da Bahia e Goiás, para registrar as trilhas do jagunço pelo sertão central do país.
Em suas imagens, destaca o cerrado como elemento crucial na composição da obra de Rosa.- Muita gente confunde o sertão roseano com a caatinga nordestina, mas a obra tem como cenário o cerrado, região que abriga um dos ecossistemas mais ricos e complexos do mundo. É a partir daí que o escritor transcende o real e universaliza o sertão - diz. Bebendo nessa fonte, o fotojornalista imprime cores fortes à sua visão do romance. Da água que brota das veredas à imensidão dos grandes rios, registra aspectos que remetem à obra do escritor e refletem o viver sertanejo. São contadores de estória, benzedeiras, cavaleiros, barqueiros, violeiros e crianças que poderiam figurar no universo mítico de Rosa, e representam, neste ensaio, uma forma de expor a essência de uma das maiores obras da nossa literatura.
Fonte:http://revistalingua.uol.com.br/textos.asp?codigo=11540
O ensaio fotográfico de João Correia Filho retoma a trilha de Guimarães Rosa para homenagear o centenário do nascimento do escritor, comemorado este mês
Uma das dezenas de definições de sertão presentes em Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa, serviu de inspiração para um ensaio fotográfico ímpar.
"Sertão, - se diz -, o senhor querendo procurar, nunca não encontra. De repente, por si, quando a gente não espera, o sertão vem".
A frase, dita pelo personagem principal de Grande Sertão: Veredas, esteve sempre presente nos mais de oito anos em que o fotojornalista João Correia Filho refez o itinerário do jagunço Riobaldo Tatarana. Nesse ensaio, João Correia registra as paisagens, os animais, as manifestações religiosas e o modo de vida de sertanejos que facilmente figurariam no romance do escritor mineiro, cujos cem anos de nascimento se homenageiam este junho.
Com base nas descrições minuciosas da obra, Correia mapeou os locais citados e buscou sua interpretação para o romance que é tido como um marco no regionalismo literário brasileiro. Também teve como base o livro Itinerário de Riobaldo Tatarana, do pesquisador Alan Viggiano, que aponta nos mapas a maioria dos locais citados na obra. A partir daí, tem percorrido todo o norte de Minas Gerais, até a divisa com os Estados da Bahia e Goiás, para registrar as trilhas do jagunço pelo sertão central do país.
Em suas imagens, destaca o cerrado como elemento crucial na composição da obra de Rosa.- Muita gente confunde o sertão roseano com a caatinga nordestina, mas a obra tem como cenário o cerrado, região que abriga um dos ecossistemas mais ricos e complexos do mundo. É a partir daí que o escritor transcende o real e universaliza o sertão - diz. Bebendo nessa fonte, o fotojornalista imprime cores fortes à sua visão do romance. Da água que brota das veredas à imensidão dos grandes rios, registra aspectos que remetem à obra do escritor e refletem o viver sertanejo. São contadores de estória, benzedeiras, cavaleiros, barqueiros, violeiros e crianças que poderiam figurar no universo mítico de Rosa, e representam, neste ensaio, uma forma de expor a essência de uma das maiores obras da nossa literatura.
Fonte:http://revistalingua.uol.com.br/textos.asp?codigo=11540
25 de jun. de 2008
CHARLES BAUDELAIRE
Charles Baudelaire (1821-1867)
Poeta francês. Famoso por suas Flores do mal, influenciou toda a poesia simbolista mundial e lançou as bases da poesia moderna. Baudelaire marcou com sua presença as últimas décadas do século XIX, influenciando a poesia internacional de tendência simbolista. De sua maneira de ser originaram-se na França os poetas "malditos". De sua obra derivaram os procedimentos anticonvencionais de Rimbaud e Lautréamont, a musicalidade de Verlaine, o intelectualismo de Mallarmé, a ironia coloquial de Corbière e Laforgue.Poeta e crítico francês, Charles-Pierre Baudelaire nasceu em Paris em 9 de abril de 1821. Desavenças com o padrasto forçaram-no a interromper seus estudos, iniciados em Lyon, para uma viagem à Índia, que interrompeu nas ilhas Maurício. Ao regressar, dissipou seus bens nos meios boêmios de Paris, onde conheceu a atriz Jeanne Duval, uma de suas musas. Outras seriam, depois, Mme. Sabatier e a atriz Marie Daubrun. Endividado, foi submetido a conselho judiciário pela família, que nomeou um tutor para controlar seus gastos.
Baudelaire permaneceu sempre em conflito com esse tutor, Ancelle.Acontecimento capital na vida do poeta é o processo a que foi submetido em 1857, ao publicar Les Fleurs du mal (As flores do mal). Além de condená-lo a uma multa por ultraje à moral e aos bons costumes, a justiça obrigou-o a retirar do volume seis poemas.
Só a partir de 1911 apareceram edições completas da obra.Mal compreendida por seus contemporâneos, apesar de elogiada por Victor Hugo, Teóphile Gautier, Gustave Flaubert e Théodore de Banville, a poesia de Baudelaire está marcada pela contradição. Revela, de um lado, o herdeiro do romantismo negro de Edgar Allan Poe e Gérard de Nerval, e de outro o poeta crítico que se opôs aos excessos sentimentais e retóricos do romantismo francês.
Uma nova estratégia da linguagem - Quase toda a crítica moderna concorda que Baudelaire inventou uma nova estratégia da linguagem. Erich Auerbach observou que sua poesia foi a primeira a incorporar a matéria da realidade grotesca à linguagem sublimada do romantismo. Nesse sentido Baudelaire criou a poesia moderna, concedendo a toda realidade o direito de ser submetida ao tratamento poético.A atividade de Baudelaire se dividiu entre a poesia, a crítica literária e de arte e a tradução. Seu maior título são Les Fleurs du mal, cujos poemas mais antigos datam de 1841. Além da celeuma judicial, o livro despertou hostilidades na imprensa e foi julgado por muitos como um subproduto degenerado do romantismo.Tanto Les Fleurs du mal como os Petits poèmes en prose (1868; Pequenos poemas em prosa), depois intitulados Le Spleen de Paris (1869) e publicados em revistas desde 1861, introduziram elementos novos na linguagem poética, fundindo o grotesco ao sublime e explorando as secretas analogias do universo.
Para fixar a nova forma do poema em prosa, Baudelaire usou como modelo uma obra de Aloïsius Bertrand, Gaspard de la nuit (1842; Gaspar da noite), se bem tenha ampliado em muito suas possibilidades.Crítica de arte e traduções - Baudelaire destacou-se desde cedo como crítico de arte. O Salon de 1845 (Salão de 1845) e o Salon de 1846 (Salão de 1846) datam do início de sua carreira. Seus escritos posteriores foram reunidos em dois volumes póstumos, com os títulos de L'Art romantique (1868; A arte romântica) e Curiosités esthétiques (1868; Curiosidades estéticas). Revelam a preocupação de Baudelaire de procurar uma razão determinante para a obra de arte e fundamentam assim um ideário estético coerente, embora fragmentário, e aberto às novas concepções.Extensão da atividade crítica e criadora de Baudelaire foram suas traduções de Edgar Allan Poe. Dos ensaios críticos de Poe, sobretudo "The Poetic Principle" (1876; "O princípio poético"), Baudelaire tirou as diretrizes básicas de sua poética, voltada contra os excessos retóricos: a exclusão da poesia dos elementos de cunho narrativo; e a relação entre a intensidade e a brevidade das composições.Ainda um outro Baudelaire é o revelado em suas obras especulativas e confessionais. É o caso de Les Paradis artificiels, opium et haschisch (1860; Os paraísos artificiais, ópio e haxixe), especulações sobre as plantas alucinógenas, parcialmente inspiradas nas Confessions of an English Opium-Eater (1822; Confissões de um comedor de ópio) de Thomas De Quincey; e de Journaux intimes (1909; Diários íntimos) -- que contém "Fusées" (notas escritas por volta de 1851) e "Mon coeur mis a nu" ("Meu coração desnudo") --, cuja primeira edição completa foi publicada em 1909. Tais escritos são o testamento espiritual do poeta, confissões íntimas e reflexões sobre assuntos diversos.
Quer pelo interesse inerente a sua grande poesia, quer pelos vislumbres que essas confissões propiciam, Baudelaire se destaca entre os poetas franceses mais estudados por ensaístas e críticos. Jean-Paul Sartre situou-o como protótipo de uma escolha existencial que teria repercussões no século XX, enquanto a crítica centrada nas relações históricas, como a de Walter Benjamin, dedicou-se a examinar sua consciência secreta de uma relação impossível com o mundo social.
Após uma existência das mais atribuladas, Baudelaire morreu de paralisia geral em Paris em 31 de agosto de 1867, quando mal começava a ser reconhecida sua influência duradoura sobre a evolução da poesia.
Fonte: ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
CHARLES PIERRE BAUDELAIRE nascido em Paris, no dia 9 de abril de 1821, aos 6 anos fica órfão de pai e, pouco mais de um ano depois, a mãe casa-se novamente com um major: este acontecimento causará em Baudelaire um trauma cujas conseqüências repercutirão em toda sua vida.Em 1832, o padrasto é promovido a tenente-coronel e transferido para Lyon, matricula Baudelaire no Colégio Real daquela cidade, mas em 1836 retorna a Paris onde seu padrasto fora chamado para um cargo junto ao Estado Maior.Começa então a freqüentar o colégio "Louis lê Grand" onde, apesar de uma expulsão, consegue passar no baccalauréat em 1839, mesmo ano em que o padrasto é nomeado general.Nessa mesma época datam os primeiros ensaios poéticos e a colaboração anônima no jornal satírico Corsaire Satan. Em 1840, conflitos familiares levam o jovem poeta a morar sozinho na pensão Lévêque Bailly, onde conhece os poetas Gustave lê Vavasseur e Enerts Prarond, e inicia um relacionamento com Sarah, uma judia cujo nome de guerra como prostituta era Louchette. O padrasto odiado, preocupado com a vida libertina de Baudelaire, consegue convencê-lo a viajar para o Oriente: assim cumprindo o périplo da África, primeiramente na ilha Maurício, em seguida na Ilha da Reunião, mas volta para França em fevereiro de 1842. Atingindo a maioridade recebe a herança do pai falecido, mas a superestimando passa a viver num apartamento na Ilha de Saint Louis e começa um relacionamento com a mulata Jeanne Duva, figurante no teatro da Porte Saint Antoine; mas tendo como ocupação maior a prostituição.Faz amizades com Nerval, Balzac, Gautier e Banville, freqüenta o "Club dês Hashishins", um grupo de fumantes de haxixe que se reunia no Hotel Pimodan, onde passa a morar.Inicia uma vida depravada que vai sugando de forma selvagem o patrimônio. Familiares do jovem poeta pedem que seja declarado incapaz pelo tribunal, que o acaba colocando sob a tutela de um curador, o tabelião Désiré Ancelle.Em 1845 publica Saison de 1845, publica também em varias revistas os primeiros poemas que iniciarão *LÊS FLEURS DU MAL. No mesmo ano tenta um suicídio frustrado que o faz momentaneamente se aproximar da família. Já em 1846 publica o Salon de 1846 no qual crítica sem piedade Vernet e exalta Delacroix; em 1847, uma revista publica La Fanfarlo. Inicia uma relação turbulenta com a atriz de teatro Marie Daubru, ficando ao lado dela até quando, velha e doente, não mais conseguirá levantar da cama. Começa então uma paixão por Apollonia Sabatier, chamada de "LA Presidente", animadora de um dos mais famosos salões artísticos da época. Em 1857 publica uma série de 18 poesias. Mas 1857 é o ano mais importante da produção literária de Baudelaire, no dia 25 de junho são publicadas Lês Fleurs du Mal que é logo violentamente atacado por Lê Figaro, o livro é recolhido poucos dias depois sob acusação de obscenidade e é condenado a um multa de 300 francos (reduzidos depois para 50) e o editor a uma multa de 100 francos e, mais grave, seis poemas devem ser suprimidos da publicação, condição sem a qual a obra não poderá voltar a circular. Sua admiração por Apollonia que havia correspondido seus cortejos, começa a esfriar, rebaixada da condição de musa para amante, não poderá ser mais para ele uma "Madonna".O falecimento do padrasto favorece uma certa reaproximação com a mãe visitando-a vez ou outra e escrevendo-lhe cartas carinhosas e desesperadas. A saúde de Baudelaire fica precária em conseqüência de uma sífilis contraída na juventude, que o leva recorrer ao éter e ao ópio. Em 1860 sai a segunda edição de Lês Fleurs du Mal.Baudelaire se candidata a cadeira da Academia antes ocupada por Lacordaire, fato que provoca uma forte manifestação negativa pela imprensa parisiense e, no ano seguinte, seguindo conselho de Saint Beuve, retira sua candidatura. Desapontado pela incompreensão dos seus compatriotas, deixa Paris e viaja para Bélgica mas não obtém o sucesso almejado. Retorna para a França onde sua situação financeira despenca e o leva a refugiar-se na Bélgica, os sinais da doença tornam-se mais evidentes com náuseas e vertigens. Em 1866 sai na Bélgica mais uma obra sua ,mas no dia 15 de março daquele ano o poeta cai no chão da igreja de Saint Loup, vítima de um ataque de paralisia com sintomas de afasia. Num desespero materno sua mãe rompe todos os obstáculos e chega ao encontro do filho no dia 2 de julho, removendo-o para Paris. Embora lúcido, perde completamente a fala e a paralisia progride velozmente até que no dia 31 de agosto de 1867, após longa agonia morre nos braços da mãe Charles Pierre Baudelaire aos 46 anos *LÊS FLEURS DU MAL tem sua publicação em português com uma seleção de suas poesias sob o titulo FLores das "FLORES DO MAL" de Baudelaire pela editora EDIOURO
Fonte: ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
CHARLES PIERRE BAUDELAIRE nascido em Paris, no dia 9 de abril de 1821, aos 6 anos fica órfão de pai e, pouco mais de um ano depois, a mãe casa-se novamente com um major: este acontecimento causará em Baudelaire um trauma cujas conseqüências repercutirão em toda sua vida.Em 1832, o padrasto é promovido a tenente-coronel e transferido para Lyon, matricula Baudelaire no Colégio Real daquela cidade, mas em 1836 retorna a Paris onde seu padrasto fora chamado para um cargo junto ao Estado Maior.Começa então a freqüentar o colégio "Louis lê Grand" onde, apesar de uma expulsão, consegue passar no baccalauréat em 1839, mesmo ano em que o padrasto é nomeado general.Nessa mesma época datam os primeiros ensaios poéticos e a colaboração anônima no jornal satírico Corsaire Satan. Em 1840, conflitos familiares levam o jovem poeta a morar sozinho na pensão Lévêque Bailly, onde conhece os poetas Gustave lê Vavasseur e Enerts Prarond, e inicia um relacionamento com Sarah, uma judia cujo nome de guerra como prostituta era Louchette. O padrasto odiado, preocupado com a vida libertina de Baudelaire, consegue convencê-lo a viajar para o Oriente: assim cumprindo o périplo da África, primeiramente na ilha Maurício, em seguida na Ilha da Reunião, mas volta para França em fevereiro de 1842. Atingindo a maioridade recebe a herança do pai falecido, mas a superestimando passa a viver num apartamento na Ilha de Saint Louis e começa um relacionamento com a mulata Jeanne Duva, figurante no teatro da Porte Saint Antoine; mas tendo como ocupação maior a prostituição.Faz amizades com Nerval, Balzac, Gautier e Banville, freqüenta o "Club dês Hashishins", um grupo de fumantes de haxixe que se reunia no Hotel Pimodan, onde passa a morar.Inicia uma vida depravada que vai sugando de forma selvagem o patrimônio. Familiares do jovem poeta pedem que seja declarado incapaz pelo tribunal, que o acaba colocando sob a tutela de um curador, o tabelião Désiré Ancelle.Em 1845 publica Saison de 1845, publica também em varias revistas os primeiros poemas que iniciarão *LÊS FLEURS DU MAL. No mesmo ano tenta um suicídio frustrado que o faz momentaneamente se aproximar da família. Já em 1846 publica o Salon de 1846 no qual crítica sem piedade Vernet e exalta Delacroix; em 1847, uma revista publica La Fanfarlo. Inicia uma relação turbulenta com a atriz de teatro Marie Daubru, ficando ao lado dela até quando, velha e doente, não mais conseguirá levantar da cama. Começa então uma paixão por Apollonia Sabatier, chamada de "LA Presidente", animadora de um dos mais famosos salões artísticos da época. Em 1857 publica uma série de 18 poesias. Mas 1857 é o ano mais importante da produção literária de Baudelaire, no dia 25 de junho são publicadas Lês Fleurs du Mal que é logo violentamente atacado por Lê Figaro, o livro é recolhido poucos dias depois sob acusação de obscenidade e é condenado a um multa de 300 francos (reduzidos depois para 50) e o editor a uma multa de 100 francos e, mais grave, seis poemas devem ser suprimidos da publicação, condição sem a qual a obra não poderá voltar a circular. Sua admiração por Apollonia que havia correspondido seus cortejos, começa a esfriar, rebaixada da condição de musa para amante, não poderá ser mais para ele uma "Madonna".O falecimento do padrasto favorece uma certa reaproximação com a mãe visitando-a vez ou outra e escrevendo-lhe cartas carinhosas e desesperadas. A saúde de Baudelaire fica precária em conseqüência de uma sífilis contraída na juventude, que o leva recorrer ao éter e ao ópio. Em 1860 sai a segunda edição de Lês Fleurs du Mal.Baudelaire se candidata a cadeira da Academia antes ocupada por Lacordaire, fato que provoca uma forte manifestação negativa pela imprensa parisiense e, no ano seguinte, seguindo conselho de Saint Beuve, retira sua candidatura. Desapontado pela incompreensão dos seus compatriotas, deixa Paris e viaja para Bélgica mas não obtém o sucesso almejado. Retorna para a França onde sua situação financeira despenca e o leva a refugiar-se na Bélgica, os sinais da doença tornam-se mais evidentes com náuseas e vertigens. Em 1866 sai na Bélgica mais uma obra sua ,mas no dia 15 de março daquele ano o poeta cai no chão da igreja de Saint Loup, vítima de um ataque de paralisia com sintomas de afasia. Num desespero materno sua mãe rompe todos os obstáculos e chega ao encontro do filho no dia 2 de julho, removendo-o para Paris. Embora lúcido, perde completamente a fala e a paralisia progride velozmente até que no dia 31 de agosto de 1867, após longa agonia morre nos braços da mãe Charles Pierre Baudelaire aos 46 anos *LÊS FLEURS DU MAL tem sua publicação em português com uma seleção de suas poesias sob o titulo FLores das "FLORES DO MAL" de Baudelaire pela editora EDIOURO
O arquito da poesia, João Cabral de Melo Neto
João Cabral de Melo Neto
Nasceu em Recife (PE) em 1920. Ingressou na carreira diplomática aos 25 anos, exercendo suaprofissão em diversos países, por mais de quarenta anos. Aposentado, reside atualmente no Rio de Janeiro. A cultura espanhola, que o poeta conheceu a fundo quando viveu em Barcelona e Sevilha, deixou muitas marcas na poesia de João Cabral. O escritor faz parte da Academia Brasileira de Letras desde 1968.
Em 1994, a editora Nova Aguilar publicou em volume único a obra completa do escritor, João Cabral de Melo Neto inaugurou um novo modo de fazer poesia em nossa literatura. A essência de sua atividade poética mostra a tentativa de desvendar os elementos concretos da realidade, que se apresentam como um desafio para a inteligência do poeta. Sempre guiado pela lógica, pelo raciocínio, seus poemas evitam análise e exposição do eu e voltam-se para o universo dos objetos, das paisagens, dos fatos sociais, jamais apelando para o sentimentalismo. Por isso, o prazer estético que sua poesia pode provocar deriva sobretudo de uma leitura racional, analítica, não do envolvimento emocional com o texto.
Essas características levaram a crítica a ver na obra de João Cabral uma "ruptura com o lirismo" ou a considerar sua expressão poética como "antilírica". Não devemos, entretanto, supor que essa relação do poeta com o mundo concreto, objetivo, produza apenas textos descritivos. Na verdade, suas descrições ora acabam adquirindo valor simbólico, ora acabam denunciando a crítica social que o poeta pretende levar a efeito.
Pedra do sono, seu primeiro livro, apresenta elementos do surrealismo, a começar pelo título (sono). Segundo o próprio poeta, o que se pretendeu nesse livro foi "compor um buquê de imagens em cada poema,- as imagens revelam matéria surrealista no sentido de oníricas, subconscientes... " . O sono e o sonho são temas freqüentes e importantes nessa obra. O próprio autor considera sua primeira obra como "um livro falso", cujo rendimento artístico não o satisfez.
O engenheiro, embora inclua ainda poemas de caráter surrealista, traz já as bases de sua nova concepção de poesia, segundo a qual o poema deve resultar de uma atitude racionalista, objetiva, diante da realidade concreta. Uma atitude de quem controla racionalmente as emoções.
Psicologia da composição mostra o amadurecimento daquele conceito de poesia rascunhado no livro anterior. O poeta rejeita - em poemas de caráter metalingüístico - a inspiração e assume, não sem hesitar, a objetividade diante do ato de escrever. Por isso, o livro apresenta poemas com uma linguagem racional, lógica, marcados pelo extremo cuidado formal. Muitas vezes sente-se o poeta questionando a validade do próprio ato de escrever.
Os livros seguintes - O cão sem plumas, O rio e Morte e vida severina - mostram um poeta mais diretamente voltado para a temática social, analisando a realidade geográfica, humana e social do Nordeste.
Morte e vida severina, sua obra mais conhecida, é um poema narrativo subintitulado auto de Natal pernambucano, que trata da caminhada de um retirante - Severino - do sertão até a zona litorânea, em busca de condições para sobreviver à seca. A semelhança com um auto natalino ocorre no final, quando, ao presenciar o nascimento de uma criança, o retirante renuncia à intenção de matar-se.
Paisagem com figuras traça paralelos entre duas terras que o poeta conhece bem: a Espanha e Pernambuco.
O Auto do frade tem como assunto o dia da morte do rebelde frei Caneca.
Agrestes é uma coletânea de poemas de temas diversos. Eis um poema desse livro:
O luto no SertãoPelo sertão não se tem comonão se viver sempre enlutado;
Nasceu em Recife (PE) em 1920. Ingressou na carreira diplomática aos 25 anos, exercendo suaprofissão em diversos países, por mais de quarenta anos. Aposentado, reside atualmente no Rio de Janeiro. A cultura espanhola, que o poeta conheceu a fundo quando viveu em Barcelona e Sevilha, deixou muitas marcas na poesia de João Cabral. O escritor faz parte da Academia Brasileira de Letras desde 1968.
Em 1994, a editora Nova Aguilar publicou em volume único a obra completa do escritor, João Cabral de Melo Neto inaugurou um novo modo de fazer poesia em nossa literatura. A essência de sua atividade poética mostra a tentativa de desvendar os elementos concretos da realidade, que se apresentam como um desafio para a inteligência do poeta. Sempre guiado pela lógica, pelo raciocínio, seus poemas evitam análise e exposição do eu e voltam-se para o universo dos objetos, das paisagens, dos fatos sociais, jamais apelando para o sentimentalismo. Por isso, o prazer estético que sua poesia pode provocar deriva sobretudo de uma leitura racional, analítica, não do envolvimento emocional com o texto.
Essas características levaram a crítica a ver na obra de João Cabral uma "ruptura com o lirismo" ou a considerar sua expressão poética como "antilírica". Não devemos, entretanto, supor que essa relação do poeta com o mundo concreto, objetivo, produza apenas textos descritivos. Na verdade, suas descrições ora acabam adquirindo valor simbólico, ora acabam denunciando a crítica social que o poeta pretende levar a efeito.
Pedra do sono, seu primeiro livro, apresenta elementos do surrealismo, a começar pelo título (sono). Segundo o próprio poeta, o que se pretendeu nesse livro foi "compor um buquê de imagens em cada poema,- as imagens revelam matéria surrealista no sentido de oníricas, subconscientes... " . O sono e o sonho são temas freqüentes e importantes nessa obra. O próprio autor considera sua primeira obra como "um livro falso", cujo rendimento artístico não o satisfez.
O engenheiro, embora inclua ainda poemas de caráter surrealista, traz já as bases de sua nova concepção de poesia, segundo a qual o poema deve resultar de uma atitude racionalista, objetiva, diante da realidade concreta. Uma atitude de quem controla racionalmente as emoções.
Psicologia da composição mostra o amadurecimento daquele conceito de poesia rascunhado no livro anterior. O poeta rejeita - em poemas de caráter metalingüístico - a inspiração e assume, não sem hesitar, a objetividade diante do ato de escrever. Por isso, o livro apresenta poemas com uma linguagem racional, lógica, marcados pelo extremo cuidado formal. Muitas vezes sente-se o poeta questionando a validade do próprio ato de escrever.
Os livros seguintes - O cão sem plumas, O rio e Morte e vida severina - mostram um poeta mais diretamente voltado para a temática social, analisando a realidade geográfica, humana e social do Nordeste.
Morte e vida severina, sua obra mais conhecida, é um poema narrativo subintitulado auto de Natal pernambucano, que trata da caminhada de um retirante - Severino - do sertão até a zona litorânea, em busca de condições para sobreviver à seca. A semelhança com um auto natalino ocorre no final, quando, ao presenciar o nascimento de uma criança, o retirante renuncia à intenção de matar-se.
Paisagem com figuras traça paralelos entre duas terras que o poeta conhece bem: a Espanha e Pernambuco.
O Auto do frade tem como assunto o dia da morte do rebelde frei Caneca.
Agrestes é uma coletânea de poemas de temas diversos. Eis um poema desse livro:
O luto no SertãoPelo sertão não se tem comonão se viver sempre enlutado;
lá o luto não é de vestir,é de nascer com, luto nato.
Sobe de dentro, tinge a pelede um fosco fulo: é quase raça;
luto levado toda a vidae que a vida empoeira e desgasta.
E mesmo o urubu que ali exerce,negro tão puro noutras praças,
quando no sertão usa a batinanegra-fouveiro, pardavasca.
Obra
Pedra do sono (1942); O engenheiro (1945); Psicologia da composição (1947); O cão sem plumas (1950); O no (1954); Morte e vida severina (1956); Paisagem com figuras (1956), Uma faca só lâmina (1956); A educação pela pedra (1966); Museu de tudo (1975); Auto do frade (1984); Agrestes (1985); Crime na Calle Relator (1987).
Obra
Pedra do sono (1942); O engenheiro (1945); Psicologia da composição (1947); O cão sem plumas (1950); O no (1954); Morte e vida severina (1956); Paisagem com figuras (1956), Uma faca só lâmina (1956); A educação pela pedra (1966); Museu de tudo (1975); Auto do frade (1984); Agrestes (1985); Crime na Calle Relator (1987).
O RETIRANTE EXPLICA AO LEITOR QUEM É E A QUE VAI
— O meu nome é Severino,
— O meu nome é Severino,
como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
deram então de me chamar
Severino de Maria;
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Mariado finado Zacarias.
Mas isso ainda diz pouco:há muitos na freguesia,
por causa de um coronel
que se chamou Zacarias
e que foi o mais antigo
senhor desta sesmaria.
Como então dizer quem fala
ora a Vossas Senhorias?
Vejamos: é o Severinoda Maria do Zacarias,
lá da serra da Costela,
limites da Paraíba.
Mas isso ainda diz pouco:se ao menos mais cinco havia
com nome de Severino
filhos de tantas Marias
mulheres de outros tantos,
já finados, Zacarias,vivendo na mesma serra
magra e ossuda em que eu vivia.
Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas,
e iguais também porque o sangue
que usamos tem pouca tinta.
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,e até gente não nascida).
Somos muitos Severinos
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar
terra sempre mais extinta,
a de querer arrancar
algum roçado da cinza.
Mas, para que me conheçam
melhor Vossas Senhoria
se melhor possam seguira história de minha vida,
passo a ser o Severino
que em vossa presença emigra.
23 de jun. de 2008
A PESSOA ERRADA
Pensando bem, em tudo o que a gente vê,
e vivencia, e ouve e pensa,não existe uma pessoa certa pra gente existe uma pessoa que,
se você for parar pra pensar é,na verdade, a pessoa errada porque a pessoa certa faz tudo certinho chega na hora certa, fala as coisas certas, faz as coisas certas, mas nem sempre
a gente tá precisando das coisas certas aí é a hora de procurar a pessoa errada. A pessoa errada te faz perder a cabeça, fazer loucuras.
Perder a hora morrer de amor. A pessoa errada vai ficar um dia sem te procurar que é prá na hora que vocês se encontrarem a entrega ser muito mais verdadeira. A pessoa errada, é na verdade, aquilo que a gente chama de pessoa certa. Essa pessoa vai te fazer chorar mas uma hora depois vai estar enxugando suas lágrimas. Essa pessoa vai tirar seu sono mas vai te dar em troca uma noite de amorinesquecível. Essa pessoa talvez te magoe e depois te enche de mimos pedindo seu perdão. Essa pessoa pode não estar 100% do tempo ao seu lado mas vai estar 100% da vida dela esperando você, vai estar o tempo todo pensando em você. A pessoa errada tem que aparecer pra todo mundo porque a vida não é certa, nada aqui é certo. O que é certo mesmo, é que temos que viver cada momento, cada segundo, amando, sorrindo, chorando, emocionando, pensando, agindo, querendo, conseguindo e só assim é possível chegar àquelemomento do dia em que a gente diz:
"Graças à Deus deu tudo certo"Quando na verdade tudo o que ele quer é que a gente encontre a pessoa errada para que as coisas comecem arealmente funcionar direito prá gente. Nossa missão:Compreender o universo de cada ser humano, respeitar as diferenças, brindar as descobertas, buscar a evolução.
Quando agente acha que tem todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas.
Luiz Fernando Verissimo
20 de jun. de 2008
MACHADO DE ASSIS
Joaquim Maria Machado de Assis
Biografia
Poeta, romancista, novelista, contista, cronista, dramaturgo, ensaísta e crítico, nasceu e morreu na cidade do Rio de Janeiro, respectivamente, em 21/06/1839 e 29/09/1908. Sua obra tem raízes nas tradições da cultura européia e transcende a influência das escolas literárias nacionais.
Filho de um pintor de casas mestiço de negro e português, após a morte da mãe foi criado pela madrasta, também mestiça. Adoentado, epiléptico, gago e de figura trivial, encontrou emprego como aprendiz de tipógrafo aos 17 anos de idade, começando a escrever durante seu tempo livre. Em breve, começou a publicar obras românticas. Colaborou regularmente na imprensa carioca.
Sua obra divide-se em duas fases, uma romântica e outra parnasiano-realista, quando desenvolveu seu inconfundível estilo desiludido, sarcástico e amargo. O domínio da linguagem é sutil e o estilo é preciso, reticente. O humor pessimista e a complexidade do pensamento, além da desconfiança na razão (no seu sentido cartesiano e iluminista), fazem com que se afaste de seus contemporâneos. A galeria de tipos e personagens que criou revela o autor como um mestre da observação psicológica.
Em 1869 Machado era um típico homem de letras brasileiro bem sucedido, confortavelmente amparado por um cargo público e num feliz casamento com uma culta senhora, Carolina Augusta Xavier de Novais. Naquele ano, a doença fê-lo afastar-se temporariamente de suas atividades e, na sua volta, publica um livro extremamente original, pouco convencional para o estilo da época — "Memórias Póstumas de Brás Cubas" (1881) —, que, juntamente com "O Mulato" (de Aluísio de Azevedo), constitui o marco do realismo na literatura brasileira. Das "Memórias" provém aquele pensamento do personagem que julga-se feliz por não ter deixado descendentes que perpetuassem o legado da miséria humana.
Publicou ainda mais dois romances de sua famosa tríade, "Quincas Borba" (1891) e "Dom Casmurro" (1899). Estes livros, ao lado de suas histórias curtas ("Histórias da Meia Noite", "Papéis Avulsos", "Histórias Românticas", "Histórias sem Data", "Várias Histórias", "Páginas Recolhidas", "Relíquias de Casa Velha", "Contos Fluminenses", "Crônicas") fizeram sua fama como escritor.
Urbano, aristocrata, cosmopolita, reservado e cínico, ignorou questões sociais como a independência do Brasil e a abolição da escravatura. Passou ao longe do nacionalismo, tendo ambientado suas histórias sempre no Rio, como se não houvesse outro lugar. O mundo natural virtualmente inexiste em seu trabalho. Escreve com profundo pessimismo e desilusão que seriam insuportáveis se não estivessem disfarçados sob o manto da ironia e do humor inteligente. Foi o principal responsável pela fundação da Academia Brasileira de Letras e seu primeiro presidente; permaneceu nesta qualidade até sua morte.
O Machado poeta é menos conhecido e apreciado, apesar de sua primeira manifestação literária ter sido feita justamente com uma poesia ("Ela", publicado na "Marmota Fluminense"), aos 16 anos de idade.
Publicou quatro livros de poesia. "Crisálidas" (1864) e "Falenas" (1870) mostram nítida influência de Castro Alves, com alguma pregação dos ideais de liberdade. Em "Americanas" (1875) as influências alencarinas são patentes, e o próprio Machado vale-se do recurso da metalinguagem externa em uma importante advertência inicial de que o assunto do livro não era unicamente os aborígenes brasileiros. "Ocidentais" (1901) já mostra elementos do realismo: ironia, niilismo, recuperação do tempo perdido.
É a referência clássica da literatura brasileira, considerado o maior escritor do país e um mestre da língua.
Poeta, romancista, novelista, contista, cronista, dramaturgo, ensaísta e crítico, nasceu e morreu na cidade do Rio de Janeiro, respectivamente, em 21/06/1839 e 29/09/1908. Sua obra tem raízes nas tradições da cultura européia e transcende a influência das escolas literárias nacionais.
Filho de um pintor de casas mestiço de negro e português, após a morte da mãe foi criado pela madrasta, também mestiça. Adoentado, epiléptico, gago e de figura trivial, encontrou emprego como aprendiz de tipógrafo aos 17 anos de idade, começando a escrever durante seu tempo livre. Em breve, começou a publicar obras românticas. Colaborou regularmente na imprensa carioca.
Sua obra divide-se em duas fases, uma romântica e outra parnasiano-realista, quando desenvolveu seu inconfundível estilo desiludido, sarcástico e amargo. O domínio da linguagem é sutil e o estilo é preciso, reticente. O humor pessimista e a complexidade do pensamento, além da desconfiança na razão (no seu sentido cartesiano e iluminista), fazem com que se afaste de seus contemporâneos. A galeria de tipos e personagens que criou revela o autor como um mestre da observação psicológica.
Em 1869 Machado era um típico homem de letras brasileiro bem sucedido, confortavelmente amparado por um cargo público e num feliz casamento com uma culta senhora, Carolina Augusta Xavier de Novais. Naquele ano, a doença fê-lo afastar-se temporariamente de suas atividades e, na sua volta, publica um livro extremamente original, pouco convencional para o estilo da época — "Memórias Póstumas de Brás Cubas" (1881) —, que, juntamente com "O Mulato" (de Aluísio de Azevedo), constitui o marco do realismo na literatura brasileira. Das "Memórias" provém aquele pensamento do personagem que julga-se feliz por não ter deixado descendentes que perpetuassem o legado da miséria humana.
Publicou ainda mais dois romances de sua famosa tríade, "Quincas Borba" (1891) e "Dom Casmurro" (1899). Estes livros, ao lado de suas histórias curtas ("Histórias da Meia Noite", "Papéis Avulsos", "Histórias Românticas", "Histórias sem Data", "Várias Histórias", "Páginas Recolhidas", "Relíquias de Casa Velha", "Contos Fluminenses", "Crônicas") fizeram sua fama como escritor.
Urbano, aristocrata, cosmopolita, reservado e cínico, ignorou questões sociais como a independência do Brasil e a abolição da escravatura. Passou ao longe do nacionalismo, tendo ambientado suas histórias sempre no Rio, como se não houvesse outro lugar. O mundo natural virtualmente inexiste em seu trabalho. Escreve com profundo pessimismo e desilusão que seriam insuportáveis se não estivessem disfarçados sob o manto da ironia e do humor inteligente. Foi o principal responsável pela fundação da Academia Brasileira de Letras e seu primeiro presidente; permaneceu nesta qualidade até sua morte.
O Machado poeta é menos conhecido e apreciado, apesar de sua primeira manifestação literária ter sido feita justamente com uma poesia ("Ela", publicado na "Marmota Fluminense"), aos 16 anos de idade.
Publicou quatro livros de poesia. "Crisálidas" (1864) e "Falenas" (1870) mostram nítida influência de Castro Alves, com alguma pregação dos ideais de liberdade. Em "Americanas" (1875) as influências alencarinas são patentes, e o próprio Machado vale-se do recurso da metalinguagem externa em uma importante advertência inicial de que o assunto do livro não era unicamente os aborígenes brasileiros. "Ocidentais" (1901) já mostra elementos do realismo: ironia, niilismo, recuperação do tempo perdido.
É a referência clássica da literatura brasileira, considerado o maior escritor do país e um mestre da língua.
Machado de Assis
Machado de Assis (Joaquim Maria M. de A.), jornalista, contista, cronista, romancista, poeta e teatrólogo, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 21 de junho de 1839, e faleceu também no Rio de Janeiro, em 29 de setembro de 1908. É o fundador da Cadeira nº. 23 da Academia Brasileira de Letras. Velho amigo e admirador de José de Alencar, que morrera cerca de vinte anos antes da fundação da ABL, era natural que Machado escolhesse o nome do autor de O Guarani para seu patrono. Ocupou por mais de dez anos a presidência da Academia, que passou a ser chamada também de Casa de Machado de Assis.
Filho do operário Francisco José de Assis e de Maria Leopoldina Machado de Assis, perdeu a mãe muito cedo, pouco mais se conhecendo de sua infância e início da adolescência. Foi criado no morro do Livramento. Sem meios para cursos regulares, estudou como pôde e, em 1854, com 15 anos incompletos, publicou o primeiro trabalho literário, o soneto "À Ilma. Sra. D.P.J.A.", no Periódico dos Pobres, número datado de 3 de outubro de 1854. Em 1856, entrou para a Imprensa Nacional, como aprendiz de tipógrafo, e lá conheceu Manuel Antônio de Almeida, que se tornou seu protetor. Em 1858, era revisor e colaborador no Correio Mercantil e, em 60, a convite de Quintino Bocaiúva, passou a pertencer à redação do Diário do Rio de Janeiro. Escrevia regularmente também para a revista O Espelho, onde estreou como crítico teatral, a Semana Ilustrada e o Jornal das Famílias, no qual publicou de preferência contos.
O primeiro livro publicado por Machado de Assis foi a tradução de Queda que as mulheres têm para os tolos (1861), impresso na tipografia de Paula Brito. Em 1862, era censor teatral, cargo não remunerado, mas que lhe dava ingresso livre nos teatros. Começou também a colaborar em O Futuro, órgão dirigido por Faustino Xavier de Novais, irmão de sua futura esposa. Seu primeiro livro de poesias, Crisálidas, saiu em 1864. Em 1867, foi nomeado ajudante do diretor de publicação do Diário Oficial. Em agosto de 69, morreu Faustino Xavier de Novais e, menos de três meses depois (12 de novembro de 1869), Machado de Assis se casou com a irmã do amigo, Carolina Augusta Xavier de Novais. Foi companheira perfeita durante 35 anos. O primeiro romance de Machado, Ressurreição, saiu em 1872. No ano seguinte, o escritor foi nomeado primeiro oficial da Secretaria de Estado do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, iniciando assim a carreira de burocrata que lhe seria até o fim o meio principal de sobrevivência. Em 1874, O Globo (jornal de Quintino Bocaiúva), em folhetins, o romance A mão e a luva. Intensificou a colaboração em jornais e revistas, como O Cruzeiro, A Estação, Revista Brasileira (ainda na fase Midosi), escrevendo crônicas, contos, poesia, romances, que iam saindo em folhetins e depois eram publicados em livros. Uma de suas peças, Tu, só tu, puro amor, foi levada à cena no Imperial Teatro Dom Pedro II (junho de 1880), por ocasião das festas organizadas pelo Real Gabinete Português de Leitura para comemorar o tricentenário de Camões, e para essa celebração especialmente escrita. De 1881 a 1897, publicou na Gazeta de Notícias as suas melhores crônicas. Em 1880, o poeta Pedro Luís Pereira de Sousa assumiu o cargo de ministro interino da Agricultura, Comércio e Obras Públicas e convidou Machado de Assis para seu oficial de gabinete (ele já estivera no posto, antes, no gabinete de Manuel Buarque de Macedo). Em 1881 saiu o livro que daria uma nova direção à carreira literária de Machado de Assis - Memórias póstumas de Brás Cubas, que ele publicara em folhetins na Revista Brasileira de 15 de março a 15 de dezembro de 1880. Revelou-se também extraordinário contista em Papéis avulsos (1882) e nas várias coletâneas de contos que se seguiram. Em 1889, foi promovido a diretor da Diretoria do Comércio no Ministério em que servia.
Grande amigo de José Veríssimo, continuou colaborando na Revista Brasileira também na fase dirigida pelo escritor paraense. Do grupo de intelectuais que se reunia na Redação da Revista, e principalmente de Lúcio de Mendonça, partiu a idéia da criação da Academia Brasileira de Letras, projeto que Machado de Assis apoiou desde o início. Comparecia às reuniões preparatórias e, no dia 28 de janeiro de 1897, quando se instalou a Academia, foi eleito presidente da instituição, à qual ele se devotou até o fim da vida.
A obra de Machado de Assis abrange, praticamente, todos os gêneros literários. Na poesia, inicia com o romantismo de Crisálidas (1864) e Falenas (1870), passando pelo Indianismo em Americanas (1875), e o parnasianismo em Ocidentais (1901). Paralelamente, apareciam as coletâneas de Contos fluminenses (1870) e Histórias da meia-noite (1873); os romances Ressurreição (1872), A mão e a luva (1874), Helena (1876) e Iaiá Garcia (1878), considerados como pertencentes ao seu período romântico. A partir daí, Machado de Assis entrou na grande fase das obras-primas, que fogem a qualquer denominação de escola literária e que o tornaram o escritor maior das letras brasileiras e um dos maiores autores da literatura de língua portuguesa.
A obra de Machado de Assis foi, em vida do Autor, editada pela Livraria Garnier, desde 1869; em 1937, W. M. Jackson, do Rio de Janeiro, publicou as Obras completas, em 31 volumes. Raimundo Magalhães Júnior organizou e publicou, pela Civilização Brasileira, os seguintes volumes de Machado de Assis: Contos e crônicas (1958); Contos esparsos (1956); Contos esquecidos (1956); Contos recolhidos (1956); Contos avulsos (1956); Contos sem data (1956); Crônicas de Lélio (1958); Diálogos e reflexões de um relojoeiro (1956). Em 1975, a Comissão Machado de Assis, instituída pelo Ministério da Educação e Cultura e encabeçada pelo presidente da Academia Brasileira de Letras, organizou e publicou, também pela Civilização Brasileira, as Edições críticas de obras de Machado de Assis, em 15 volumes, reunindo contos, romances e poesias desse escritor máximo da literatura brasileira.
Espaço Machado de Assis • Centro Cultural da ABL Av. Presidente Wilson, 203 • Rio de Janeiro RJ 20030-021 • Tel.: (0xx21) 3974 2500 Ramal 2510E-mail: machado@machadodeassis.org.br
José de Mesquita
José Barnabé de Mesquita [1] (Cuiabá, 10 de março de 1892 — Cuiabá, 22 de junho de 1961) foi um poeta parnasiano, romancista, contista, ensaísta, historiador, jornalista, genealogista e jurista brasileiro, formado pela Faculdade de Direito de São Paulo em 1913.
Desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, do qual foi Presidente por 11 anos seguidos (1929 — 1940).
Foi um dos principais incentivadores à fundação do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso em 1919 e, da Academia Mato-grossense de Letras em 1921, da qual foi Membro Fundador e, Presidente desde a sua fundação até o seu falecimento em 1961, ocupou a cadeira nº 19, cujo patrono é José Vieira Couto de Magalhães.
É patrono da cadeira de número 7 da Academia Sul-Matogrossense de Letras.
Desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, do qual foi Presidente por 11 anos seguidos (1929 — 1940).
Foi um dos principais incentivadores à fundação do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso em 1919 e, da Academia Mato-grossense de Letras em 1921, da qual foi Membro Fundador e, Presidente desde a sua fundação até o seu falecimento em 1961, ocupou a cadeira nº 19, cujo patrono é José Vieira Couto de Magalhães.
É patrono da cadeira de número 7 da Academia Sul-Matogrossense de Letras.
Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre
Benedito Sant'Ana da Silva Freire
- Benedito Sant'Ana da Silva Freire nasceu em Mimoso, Distrito localizado no Município de Santo Antônio do Leverger - MT, em 20 de setembro de 1928, e faleceu em Cuiabá MT, em 11 de agosto de 1991.
Conterrâneo do Marechal Cândido Rondon, Silva Freire, foi poeta, advogado, professor na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT, e ocupou a cadeira nº 38 da Academia Mato-grossense de Letras - AML.
Recebeu diversas homenagens, entre elas, a homenagem do Univag Centro Universitário de Várzea Grande MT, que deu o nome deste intelectual à sua biblioteca.
Entre suas principais obras :
Meu Chão;
Pássaro Implume;
Campus de Universidade;
As Redes;
Os Meninos de São Benedito;
Águas de Visitação;
Trilogia Cuiabana, publicada em 1991
Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre
19 de jun. de 2008
CLARICE LISPECTOR
“Minha alegria é áspera e eficaz, e não se compraz em si mesma, é revolucionária. Todas as pessoas poderiam ter essa alegria, mas estão ocupadas demais em ser cordeiros de Deuses.”
BIOGRAFIA
Nascida em 1920, na Ucrânia e falecida em 1977, no Rio de Janeiro. Ela veio para o Brasil aos dois meses de idade, criou-se no Recife e mudou-se para o Rio de Janeiro aos doze anos. Formou-se em Direito e, aos dezessete anos, escreveu seu primeiro livro, o romance "Perto do Coração Selvagem".
Na obra de Clarice Lispector, a caracterização das personagens e as ações são elementos secundários. Importa-lhe captar a vivência interior das personagens e a complexidade de seus aspectos psicológicos. Daí resultam uma narrativa introspectiva e o monólogo interior, em que muitas vezes percebe-se o envolvimento do narrador, ficando difícil estabelecer as fronteiras entre narrador e personagens. Essa centralização na consciência contribui para a digressão, a fragmentação dos episódios e o desencadeamento do "fluxo de consciência", isto é, a expressão direta dos estados mentais, nos quais parece manifestar-se diretamente o inconsciente, do que resulta certa perda da seqüência lógica.
Na trilha filosófica do existencialismo, Clarice enfatiza a angústia do homem diante de sua liberdade para escolher o curso que deseja dar à sua vida. Essa escolha é necessária, já que sua existência não está predeterminada, e a maneira de cada indivíduo ser e estar no mundo e entendê-lo resulta de sua própria opção. Assim, ele tem a liberdade de optar por uma vida autêntica e questionadora, mas isso provavelmente o levará a enxergar um mundo absurdo em que nada faz sentido e, conseqüentemente, a afundar-se num abismo de perplexidades. Por outro lado, pode refugiar-se na banalidade do cotidiano e nos ;interesses imediatos, limitados e efêmeros, os quais certamente nunca o deixarão plenamente satisfeito.
As narrativas de Clarice Lispector quase sempre focalizam a epifania, um momento de revelação, um momento especial em que a personagem defronta-se subitamente com a verdade.
BIOGRAFIA
Nascida em 1920, na Ucrânia e falecida em 1977, no Rio de Janeiro. Ela veio para o Brasil aos dois meses de idade, criou-se no Recife e mudou-se para o Rio de Janeiro aos doze anos. Formou-se em Direito e, aos dezessete anos, escreveu seu primeiro livro, o romance "Perto do Coração Selvagem".
Na obra de Clarice Lispector, a caracterização das personagens e as ações são elementos secundários. Importa-lhe captar a vivência interior das personagens e a complexidade de seus aspectos psicológicos. Daí resultam uma narrativa introspectiva e o monólogo interior, em que muitas vezes percebe-se o envolvimento do narrador, ficando difícil estabelecer as fronteiras entre narrador e personagens. Essa centralização na consciência contribui para a digressão, a fragmentação dos episódios e o desencadeamento do "fluxo de consciência", isto é, a expressão direta dos estados mentais, nos quais parece manifestar-se diretamente o inconsciente, do que resulta certa perda da seqüência lógica.
Na trilha filosófica do existencialismo, Clarice enfatiza a angústia do homem diante de sua liberdade para escolher o curso que deseja dar à sua vida. Essa escolha é necessária, já que sua existência não está predeterminada, e a maneira de cada indivíduo ser e estar no mundo e entendê-lo resulta de sua própria opção. Assim, ele tem a liberdade de optar por uma vida autêntica e questionadora, mas isso provavelmente o levará a enxergar um mundo absurdo em que nada faz sentido e, conseqüentemente, a afundar-se num abismo de perplexidades. Por outro lado, pode refugiar-se na banalidade do cotidiano e nos ;interesses imediatos, limitados e efêmeros, os quais certamente nunca o deixarão plenamente satisfeito.
As narrativas de Clarice Lispector quase sempre focalizam a epifania, um momento de revelação, um momento especial em que a personagem defronta-se subitamente com a verdade.
Ferreira Gullar (José Ribamar Ferreira), nasceu no dia 10 de setembro de 1930, na cidade de São Luiz, capital do Maranhão, quarto filho dos onze que teriam seus pais, Newton Ferreira e Alzira Ribeiro Goulart. Inicia seus estudos no Jardim Decroli, em 1937, onde permanece por dois anos. Depois, estuda com professoras contratadas pela família e em um colégio particular, do qual acaba fugindo. Em 1941, matriculou-se no Colégio São Luís de Gonzaga, naquela cidade.Aprovado em segundo lugar no exame de admissão do Ateneu Teixeira Mendes, em 1942, não chega a concluir o ano letivo nesse colégio. Ingressa na Escola Técnia de São Luís, em 1943. Apaixonado por uma vizinha, Terezinha, deixa os amigos e passa a se dedicar à leitura de livros retirados da Biblioteca Municipal e a escrever poemas.Na redação sobre o Dia do Trabalho, onde ironizava o fato de não se trabalhar nesse dia, em 1945, obtém nota 95 e recebe elogios pelo seu texto. Só não obteve a nota máxima em virtude dos erros gramaticais cometidos. Face ao ocorrido, dedica-se ao estudo das normas da língua. Essa redação foi inspiradora do soneto "O trabalho", primeiro poema publicado por Gullar no jornal "O Combate", de São Luís, três anos depois.Torna-se locutor da Rádio Timbira e colaborador do "Diário de São Luís", em 1948.Editado com recursos próprios e o apoio do Centro Cultural Gonçalves Dias, publica seu primeiro livro de poesia, "Um pouco acima do chão". Em 1950, após haver presenciado o assassinato de um operário pela polícia, durante um comício de Adhemar de Barros na Praça João Lisboa, em São Luís, nega-se a ler, em seu programa de rádio, uma nota que aponta os "baderneiros" e "comunistas" como responsáveis pelo ocorrido. Perde o emprego, mas é convidado para participar da campanha política no interior do Maranhão. Vence o concurso promovido pelo "Jornal de Letras" com o poema "O galo". A comissão julgadora era formada por Manuel Bandeira, Odylo Costa Filho e Willy Lewin. Começa a escrever poemas que, mais tarde, integrariam seu livro "A luta corporal". Muda-se para o Rio de Janeiro (RJ), em 1951. Passa a trabalhar na redação da "Revista do Instituto de Aposentadoria e Pensão do Comércio", para onde foi indicado por João Condé. Torna-se amigo do crítico de arte Mário Pedrosa. A publicação de seu conto "Osiris come flores" na "Revista Japa" rende-lhe mais um emprego: o de revisor da revista "O Cruzeiro", por indicação de Herberto Sales, que se encantou com o conto publicado. Vai até a cidade de Correias (RJ) onde, por três meses, trata-se de uma tuberculose. Oswald de Andrade, que havia lido "A luta corporal", texto inédito e recém-concluído de Gullar, no dia de seu aniversário, em 1953, presenteia-o com dois volumes teatrais de sua autoria: "A morta", "O Rei da Vela", e "O homem a cavalo". Em 1954, casa-se com a atriz Thereza Aragão, com quem teve três filhos: Paulo, Luciana e Marcos. Lança "A luta corporal", que causou desentendimentos com os tipógrafos em função do projeto gráfico apresentado. Após sua leitura, Augusto e Haroldo de Campos e Décio Pignatari manifestam-lhe, por carta, o desejo de conhecê-lo. No fim desse ano, passa a trabalhar como revisor na revista "Manchete".Seu encontro com Augusto de Campos se dá às vésperas do carnaval de 1955, resultando inúmeras discussões sobre a literatura. Trabalha como revisor no "Diário Carioca" e, posteriormente, engaja-se no projeto "Suplemento dominical" do "Jornal do Brasil". A convite do trio de escritores paulistas acima citados, participa da I Exposição Nacional de Arte Concreta, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 1956. Em janeiro do ano seguinte, o MAM carioca recebe a citada exposição. Gullar discorda da publicação do artigo "Da psicologia da composição à matemática da composição", escrito pelo grupo concretista de São Paulo. Redige resposta intitulada "Poesia concreta: experiência fenomenológica". Os dois textos são publicados lado a lado na mesma edição do "Suplemento Dominical". Com seu artigo, Gullar marca sua ruptura com o movimento.Em 1958, lança o livro "Poemas. No ano seguinte, escreve o "Manifesto Neo-concreto", publicado no "Suplemento Dominical" e que foi também assinado por, entre outros, Lygia Pape, Franz Waissman, Lygia Clark, Amilcar de Castro e Reynaldo Jardim. Ali também foi publicado "Teoria do não-objeto. Criou o "livro-poema" e o "Poema enterrado", que consistia de uma sala subterrânea, dentro da qual havia um cubo de madeira de cor vermelha, dentro desse um outro, verde, de menor diâmetro, e, finalmente, um último cubo de cor branca que, ao ser erguido, permitia a leitura da palavra "Rejuvenesça". Construído na casa do pai do artista plástico Hélio Oiticica, a "instalação" não pode ser vista pelo público: uma inundação, provocada por fortes chuvas, alagou a sala e destruiu os cubos.É nomeado, em 1961, com a posse de Jânio Quadros, diretor da Fundação Cultural de Brasília. Elabora o projeto do Museu de Arte Popular e inicia sua construção. Revê sua postura poética, até então muito marcada pelo experimentalismo, e passa a não atuar nos movimentos de vanguarda. Fica no cargo até outubro/61.Emprega-se, em 1962, como copidesque na filial carioca do jornal "O Estado de São Paulo", para o qual trabalharia por 30 anos. Ao mesmo tempo, ingressa no Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (CPC). Publica "João Boa-Morte, cabra marcado para morrer" e "Quem matou Aparecida". Assume, com essas publicações, uma nova atitude literária de engajamento político e social. No ano seguinte é eleito presidente do CPC. Lança o ensaio "Cultura posta em questão". Em 1964, a sede da União Nacional dos Estudantes (UNE) é invadida e a primeira edição do citado ensaio acaba queimada. No dia 1º de abril de 1964, filia-se ao Partido Comunista Brasileiro. Ao lado de Oduvaldo Viana Filho, Paulo Pontes, Thereza Aragão, Pichin Pla, entre outros, funda o "Grupo Opinião". O ensaio "Cultura posta em questão" é reeditado em 1965.Em 1966, a peça "Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come", escrita em parceria com Oduvaldo Viana Filho, é encenada pelo "Grupo Opinião" no Rio de Janeiro, e conquista os prêmios Molière e Saci. No ano seguinte o mesmo grupo encena, também no Rio, a peça "A saída? Onde está a saída?, escrita em parceria com Antônio Carlos Fontoura e Armando Costa."Por você, por mim", poema sobre a guerra do Vietnã, é publicada em 1968, juntamente com o texto da peça "Dr. Getúlio, sua vida e sua glória", escrita em parceria com Dias Gomes e montada nos teatros "Opinião" e "João Caetano", no Rio de Janeiro, com a direção de José Renato. Com a assinatura do Ato Institucional nº 5, é preso, em companhia de Paulo Francis, Caetano Veloso e Gilberto Gil.Em 1969, lança o ensaio "Vanguarda e subdesenvolvimento".1970 marca sua entrada na clandestinidade. Passa a dedicar-se à pintura.Informado por amigos, em 1971, do risco que corria se continuasse no Brasil, decide partir para o exílio, morando primeiro em Moscou (Russia) e depois em Santiago (Chile), Lima (Peru) e Buenos Aires (Argentina). Durante esse período, colabora com o semanário "O Pasquim", sob o pseudônimo de Frederico Marques. Seu pai falece em São Luís (MA).Em 1974, por unanimidade, é absolvido no Supremo Tribunal Federal, da acusação Publica, em 1975, "Dentro da noite veloz". O "Poema sujo" é escrito entre maio de outubro desse ano. Em novembro, lê o novo trabalho na casa de Augusto Boal, em Buenos Aires, para um grupo de amigos. Vinicius de Moraes, que organizou a sessão de leitura, pede uma cópia do poema para trazer ao Rio. Por precaução, o poema é gravado em fita cassete. No Rio, Vinicius promove diversas sessões para que intelectuais e jornalistas ouvissem o "Poema sujo". Ênnio Silveira, editor, pede uma cópia do texto para publicá-lo em livro. Enquanto isso não acontece, diversas cópias da gravação circulam pela cidade em sessões fechadas de audição.No ano seguinte, sem a presença do poeta, o "Poema sujo" é lançado, enquanto Gullar dá aulas particulares de português em Buenos Aires, para poder sobreviver. Amigos tentam um salvo-conduto junto às autoridades militares, procurando obter garantias para que ele volta ao país.Somente em 10 de março de 1977 desembarca no Rio. No dia seguinte, é preso pelo Departamento de Polícia Política e Social, órgão sucessor do famoso "DOPS". As ameaças feitas por agentes policiais, que se estendiam a membros de sua família, só terminaram após 72 horas de interrogatórios, ocasião em que é libertado face à movimentação de amigos junto às autoridades do regime militar.Retorna, aos poucos, às atividades de crítico, poeta e jornalista. Lança "Antologia Poética". "La lucha corporal y otros incendios" é publicada em Caracas, Venezuela. No ano seguinte, 1978, grava o disco "Antologia poética de Ferreira Gullar" e, sob a direção de Bibi Ferreira, é encenada a peça teatral "Um rubi no umbigo". Começa a escrever para o Grupo de Dramaturgia da Rede Globo, indicado pelo amigo Dias Gomes.Seu livro "Na vertigem do dia" é publicado em 1980 e "Toda poesia", reunião de sua obra poética, comemora seus 50 anos de vida. Estréia a versão teatral do "Poema sujo", com a interpretação de Esther Góes e Rubens Corrêa, sob a direção de Hugo Xavier, na Sala Sidney Miller, no Rio de Janeiro. Lança o livro "Sobre arte", coletânea de artigos publicados na revista "Módulo", entre 1975 e 1980.A Rede Globo exibe o seu especial "Insensato coração", em 1983.Em 1984, recebe o título de "Cidadão Fluminense" na Assembléia Legislativa do Rio. Profere a conferência "Educação criadora e o desafio da transformação sócio-cultural" na abertura do 25º Congresso Mundial de Educação pela Arte, realizado na Universidade Estadual do Rio de Janeiro.Com a tradução de "Cyrano de Bergerac", de Edmond Rostand, publicada em 1985, é agraciado como prêmio Molière, até então inédito para a categoria tradutor. Em 1987 lança "Barulhos". Dois anos depois, publica ensaios sobre cultura brasileira e a questão da vanguarda em países desenvolvidos, no livro "Indagações de hoje"."A estranha vida banal", uma coletânea de 47 crônicas escritas para "O Pasquim" e "Jornal do Brasil", são publicadas em 1990. Colabora com Dias Gomes na novela "Araponga". Morre, no Rio, seu filho mais novo, Marcos.Nomeado diretor do Instituto Brasileiro de Arte e Cultura (IBAC), em 1992, lá permanece até 1995. A Rede Globo exibe a minissérie "As noivas de Copacabana", escrita em parceria com Dias Gomes e Marcílio Moraes.Lança, em 1993, "Argumentação contra a morte da arte", que provoca polêmica entre artistas plásticos.Morre, no Rio, sua mulher Thereza Aragão, em 1994. Seu livro "Luta corporal" ganha edição comemorativa a seus 40 anos de publicação. No Centro Cultural Banco do Brasil - Rio, ocorre um evento sobre o trabalho do poeta.Em 1997, lança "Cidades inventadas", coletânea de contos escritos ao longo de 40 anos. Passa a viver com a poeta Cláudia Ahimsa.No ano seguinte publica "Rabo de foguete - Os anos de exílio". É homenageado no 29º Festival Internacional de Poesia de Rotterdã.Lança, em 1999, o livro "Muitas vozes" e é agraciado com o Prêmio Jabuti, categoria poesia. Recebe, também, o Prêmio Alphonsus de Guimarães, da Biblioteca Nacional."Ferreira Gullar 70 anos" foi o nome dado à exposição aberta em setembro de 2000, no Museu de Arte Moderna do Rio, para marcar o aniversário do poeta. Ocorre o lançamento da nona edição de "Toda poesia", reunião atualizada de todos os poemas de Gullar. O poeta recebe o prêmio Multicultural 2000, do jornal "O Estado de São Paulo". No final do ano, lança "Um gato chamado Gatinho ", 17 poemas sobre seu felino escritos para crianças.
É publicado na coleção Perfis do Rio “Ferreira Gullar - Entre o espanto e o poema”, de George Moura em 2001. São reunidas crônicas escritas para o “Jornal do Brasil” nos anos 60 no livro “O menino e o arco-íris”. Lança uma coleção infanto-juvenil “O rei que mora no mar”, poemas dos anos 60 de Gullar.
Em 2002, é indicado ao Prêmio Nobel de Literatura por nove professores titulares de universidades de Brasil, Portugal e Estados Unidos. São relançados num só livro, os ensaios dos anos 60: “Cultura posta em questão” e “Vanguarda e subdesenvolvimento”. Em dezembro o poeta recebe o Prêmio Príncipe Claus, da Holanda, dado a artistas, escritores e instituições culturais de fora da Europa que tenham contribuído para mudar a sociedade, a arte ou a visão cultural de seu país.
Lança “Relâmpagos”, reunindo 49 textos curtos sobre artes, abordando obras de Michelangelo, Renoir, Picasso, Calder, Iberê Camargo e muitos outros.
É publicado na coleção Perfis do Rio “Ferreira Gullar - Entre o espanto e o poema”, de George Moura em 2001. São reunidas crônicas escritas para o “Jornal do Brasil” nos anos 60 no livro “O menino e o arco-íris”. Lança uma coleção infanto-juvenil “O rei que mora no mar”, poemas dos anos 60 de Gullar.
Em 2002, é indicado ao Prêmio Nobel de Literatura por nove professores titulares de universidades de Brasil, Portugal e Estados Unidos. São relançados num só livro, os ensaios dos anos 60: “Cultura posta em questão” e “Vanguarda e subdesenvolvimento”. Em dezembro o poeta recebe o Prêmio Príncipe Claus, da Holanda, dado a artistas, escritores e instituições culturais de fora da Europa que tenham contribuído para mudar a sociedade, a arte ou a visão cultural de seu país.
Lança “Relâmpagos”, reunindo 49 textos curtos sobre artes, abordando obras de Michelangelo, Renoir, Picasso, Calder, Iberê Camargo e muitos outros.
Stanislaw Ponte Preta
"A prosperidade de alguns homens públicos do Brasil é uma prova evidente de que eles vêm lutando pelo progresso do nosso subdesenvolvimento."
Sérgio Porto, por ele mesmo, "Auto-retrato do artista quando não tão jovem"
"ATIVIDADE PROFISSIONAL: Jornalista, radialista, televisista (o termo ainda não existe, mas a atividade dizem que sim), teatrólogo ora em recesso, humorista, publicista e bancário.
OUTRAS ATIVIDADES: Marido, pescador, colecionador de discos (só samba do bom e jazz tocado por negro, além de clássicos), ex-atleta, hoje cardíaco. Mania de limpar coisas tais como livros, discos, objetos de metal e cachimbos.
PRINCIPAIS MOTIVAÇÕES: Mulher.
QUALIDADES PARADOXAIS: Boêmio que adora ficar em casa, irreverente que revê o que escreve, humorista a sério.
PONTOS VULNERÁVEIS: Completa incapacidade para se deixar arrebatar por política. Jamais teve opinião formada sobre qualquer figurão da vida pública, quer nacional, quer estrangeira.
ÓDIOS INCONFESSOS: Puxa-saco, militar metido a machão, burro metido a sabido e, principalmente, racista.
PANACÉIAS CASEIRAS: Quando dói do umbigo para baixo: Elixir Paregórico. Do umbigo para cima: aspirina.
SUPERTIÇÕES INVENCÍVEIS: Nenhuma, a não ser em véspera de decisão de Copa do Mundo. Nessas ocasiões comparativamente qualquer pai-de-santo é um simples cético.
TENTAÇÕES IRRESISTÍVEIS: Passear na chuva, rir em horas impróprias, dizer ao ouvido de mulher besta que ela não tão boa quanto pensa.
MEDOS ABSURDOS: Qualquer inseto taludinho (de barata pra cima).
ORGULHO SECRETO: Faz ovo estrelado como Pelé faz gol. Aliás, é um bom cozinheiro no setor mais difícil da culinária: o trivial.
Assinado, Sérgio Porto, agosto de 1963."
Filho de Américo Pereira da Silva Porto e de D. Dulce Julieta Rangel Porto, Sérgio Marcos Rangel Porto, um cidadão acima de qualquer desfeita, nasceu no Rio de Janeiro em pleno verão, no dia 11 de janeiro de 1923, e ficou famoso anos depois sob o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta, emprestado à Oswald de Andrade (vide Memórias de Serafim Ponte Grande). Foi casado com Dirce Pimentel de Araújo, com quem teve três filhas: Gisela, Ângela e Solange.
Dizem seus estudiosos que no citado livro teria encontrado seu grande filão:a irreverência. Começou uma obra carioquíssima, até hoje insuperável, transpondo para jornais, livros e revistas o saboroso coloquial do Rio de Janeiro. Afirmam, também, que as melhores crônicas são aquelas onde a disposição de desfazer o sentido de uma palavra ou de uma situação não se manifesta apenas no final do enredo, mas parece atingir a estrutura da narrativa; quer dizer, a partir de pistas falsas, a história é conduzida visando a um final que não acontece, substituído por outro, totalmente inesperado (vejam Menino Precoce e A Charneca, por exemplo).
Era um mestre das comparações enfáticas:
"Mais inchada do que cabeça de botafoguense""Mais assanhado do que bode velho no cercado das cabritas""Mais suado do que o marcador de Pelé""Mais duro do que nádega de estátua""Mais feia do que mudança de pobre""Mais murcho do que boca de velha"
Traçou, em 12 palavras, o retrato de uma época , os tais anos dourados nada permissivos, quando o preconceito prevalecia, principalmente em matéria de sexo:
"Se peito de moça fosse buzina, ninguém dormia nos arredores daquela praça". Antes da liberação sexual, as praças e outros cantinhos escuros eram, então, um buzinaço.
Criador de Tia Zulmira, Rosamundo e Primo Altamirando, foi com seu Festival de Besteira que Assola o País - FEBEAPÁ, lançado em plena vigência da Redentora, apelido do golpe militar de 1964, que ele alcançou seu grande sucesso. Stanislaw afirmava ser difícil precisar o dia em que as besteiras começaram a assolar o Brasil, mas disse ter notado um alastramento desse festival depois que uma inspetora de ensino no interior de São Paulo, portanto uma senhora de nível intelectual mais elevado pouquinha coisa, ao saber que o filho tirara zero numa prova de matemática, embora sabendo tratar-se de um debilóide, não vacilou em apontar às autoridades o professor da criança como perigoso agente comunista.
Outras besteiras colhidas pelo autor:"No mesmo dia em que o governo resolvia intervir em todos os sindicatos, resolvia mandar uma delegação à 16a. Sessão do Conselho de Administração da OIT, em Genebra. Ao Brasil caberia exatamente fazer parte da Comissão de Liberdade Sindical.Na mesma ocasião, um time da Alemanha Oriental vinha disputar alguns jogos aqui e então o Itamarati distribuiu uma nota avisando que eles só jogariam se a partida não tivesse cunho político. Em Mariana, MG, um delegado de polícia proibia casais de se sentarem juntos na única praça namorável da cidade, baixando portaria dizendo que moça só podia ir ao cinema com atestado dos pais. Em Belo Horizonte, um outro delegado distribuía espiões pelas arquibancadas dos estádios. Dali em diante quem dissesse mais de três palavrões ia preso."
Na mesma época (1954) em que o jornalista Jacinto de Thormes publicou na revista Manchete a lista das "Mulheres Mais Bem Vestidas do Ano", Stanislaw, que escrevia na mesma revista sobre teatro-rebolado, não quis ficar por baixo e inventou a lista das "Mulheres Mais Bem Despidas do Ano". Com a grita das mães das vedetes, passou a usar uma expressão ouvida de seu pai -- "Olha só que moça mais certa" -- e estavam, assim, criadas as "certinhas" do Lalau. De 1954 a 1968 foram 142 as selecionadas. Dentre outras, podemos citar Aizita Nascimento, Betty Faria, Brigitte Blair, Carmen Verônica, Eloina, Íris Bruzzi, Mara Rúbia, Miriam Pérsia, Norma Bengell, Rose Rondelli, Sônia Mamede e Virgínia Lane.
Ao contrário do que parecia ser -- um cara folgado, brincalhão, gozador e pouco chegado ao labor, Sérgio Porto, por suas inúmeras atribuições, era um lutador. Nos últimos anos de vida tinha uma jornada nunca inferior a 15 horas de trabalho por dia."Só estou levantando o olho da máquina de escrever pra botar colírio. Hoje fui gravar na televisão e antes foi aquela batalha contra as teclas. Estou trabalhando demais, outra vez. Só para esta semana: seis Stanislaws, um Fatos & Fotos, um final apoteótico para o novo programa do Chico Anísio, roteiro e script para aquela bosta chamada Espetáculos Tonelux, depois quadros humorísticos para a TV Rio, Miss Campeonato, Da Boca pra Fora, o programa de rádio Atrações A-9, além da revisão do livro O Homem ao Lado que será reeditado no próximo mês e da gravação do programa Qual é o assunto?" Para alguém que teve seu primeiro infarto ao 36 anos, era demais.
"Tunica, eu tô apagando". Essas foram as últimas palavras ditas pelo autor ao sofrer seu derradeiro infarto, no dia 29 de setembro de 1968.
Paulo Mendes Campos, o excelente e tão esquecido cronista mineiro, traça um perfil do autor em um texto cheio de humor e de dor pelo falecimento de Stanislaw Ponte Preta (in "O Anjo Bêbado", Editora do Autor – Rio de Janeiro, 1969, pág. 7).
SÉRGIO E STANISLAW PONTE PRETA
O diabo o é que todo mundo pensa que sou um cínico; ninguém acredita que sou um sentimentalão que não agüenta uma gata pelo rabo.
Sérgio me dizia isso a milhares de metros de altitude, copo de uísque na mão, rumo a Buenos Aires. Ao saber que eu tinha resolvido assistir ao jogo Brasil e Uruguai, no Campeonato Pan-Americano de 1959, veio procurar-me com uma ansiedade incomum: precisava afastar-se do Rio de qualquer jeito, me disse, tinha decisivos assuntos íntimos sobre os quais queria pensar.
Sendo assim, por que ir a Buenos Aires? Não fiz a pergunta por entendê-lo: Sérgio possuía o talento de viver em diversas faixas ao mesmo tempo; Buenos Aires lhe calhava numa instância de decisões pessoais porque o recolhimento do hotel se somava aos benefícios do torneio de futebol, da companhia dos amigos, das anedotas jornalísticas e até mesmo dos restaurantes portenhos.
Já dentro do avião, nessa ou em qualquer outra viagem, desligado de suas duras obrigações, transformava-se: mesmo roído por dentro, a gratuidade do instante era boa demais para não ser aproveitada. Sempre que uma aeromoça lhe perguntava se queria um sanduíche ou um refrigerante, respondia alegremente com uma frase que ouviu de Bili Blanco: "Quero tudo a que eu tenha direito." E era verdade.
Na chegada a Buenos Aires, houve uma dessas súbitas situações cômicas criadas por aquele homem carregado de conflitos: avião estacionado, entrou nele um médico da saúde pública, um homem ruivo e bastante calvo. Pedindo aos passageiros que exibissem o atestado de vacina, o médico estendeu a mão para Sérgio, ao mesmo tempo que dizia em tom cavo e impessoal: "Vacunación, señor." Como se estivesse recebendo um cumprimento de boas-vindas, Stanislaw (aí era ele), muito grave, apertou a mão do médico, falando claro e efusivo: "Vacunación para usted también?" O médico, rubro de indignação, expulsou-nos do avião, sem mais exigir o documento sanitário e, enquanto eu explodia de rir, ele sussurrava-me entre os dentes: "Agüenta a mão, se não a gente acaba em cana."
O dom mais surpreendente de Sérgio era esse trânsito livre entre as manifestações da vida. Ainda no dia de nossa chegada a Buenos Aires, eu o veria em atitudes múltiplas: durante o jogo dramático entre o Brasil e o Uruguai (o três a um da briga), ele deu um empurrão nos peitos dum argentino que insultava os brasileiros, chorou quando Paulo Valentim fez o terceiro gol, riu-se às gargalhadas quando o Garrincha passou indiferente entre uruguaios e entrou no ônibus com um sanduíche enorme na boca e outro na mão; e ainda conversou longamente comigo sobre suas aflições, depois de cear com entusiasmo.
Quando acordei, ele já andava pelo saguão, depois de ler os jornais todos, à cata de histórias do Mendonça Falcão - a máquina já destampada no quarto.
Fiquei seu amigo há mais de vinte anos, quando ele escrevia crônicas de música popular para a revista Sombra. Bonito, forte, elegante, inteligente, alegre, simpático - era um privilegiado sem ostentação. Só lhe faltava o dinheiro, como de resto ao grupo todo: mesmo mal pagos, tínhamos de aceitar as ofertas que a imprensa nos fazia como um favor, bicando aqui e ali, sofrendo na carne os atrasos do caixa, brigando pelo dinheirinho de cada dia. Mas o clima não era de miséria nem de tristeza: bebíamos crepuscularmente nosso uísque escocês no Pardellas da Rua México, dançávamos no Vogue, andávamos de táxi. Já que o dinheiro era pouco, o jeito era gastá-lo no essencial: o apartamento próprio que esperasse.
Eustáquio Duarte, Lúcio Rangel, Luís Jardim, Cássio Fonseca, Jarbas Duarte eram diariamente pontuais no Pardellas; Zé Lins do Rego, Rosário Fusco, Santa Rosa, Jaime Adour da Câmara, Flávio de Aquino, Simeão Leal, Luis Santa Cruz e outros apareciam com freqüência. O jazz negro era o nosso alimento: Sérgio e seu tio Lúcio Rangel ensinaram ao resto da turma o que era puro nesse setor e o que se contaminara.
Por um momento, numa fase financeira mais dura, quase o acompanhei num gesto até certo ponto desesperado: o de escrever programas de rádio. Para ele foi o início duma vida de sucesso profissional e cruel desgaste físico. Na imprensa, no rádio e na televisão do Brasil a ascensão se confunde com a queda. Sucesso nesse terreno não é poder trabalhar menos e ganhar o suficiente: é trabalhar sempre mais. Vitorioso no Brasil é o jornalista que sempre encontra mercado de trabalho; e não preços mais altos. Só chega ao chamado certo nível de vida somando diversas atividades corrosivas.
O humorista começou a surgir no semanário Comício, excelente escola de descontração do estilo jornalístico, dirigido por Rubem Braga, e Joel Silveira, onde escreviam ainda Clarice Lispector, Millôr Fernandes, Fernando Sabino, Otto Lara Resende, Rafael Correia de Oliveira, Carlos Castelo Branco, Edmar Morel, onde também apareceram as primeiras crônicas de Antônio Maria e as primeiras reportagens de Pedro Gomes.
Digo o humorista profissional, porque o da convivência com os amigos vinha do tempo das peladas em Copacabana: Sandro Moreira, João Saldanha, Mauricinho Porto, George Rangel, Máriozinho de Oliveira, Carlos Peixoto e Carlinhos Niemeyer são alguns que se lembram das histórias engraçadas de Sérgio, o Bolão.
Sua vivacidade era tão instantânea que sempre a aceitei com naturalidade. Espantava-me, isto sim, seu discernimento, agudo, preciso, a respeito de tudo: uma canção, um cantor, um vestido, um quadro, uma atmosfera, uma situação complicada. Dizia em cima a palavra exata, a observação certa, o julgamento justo.
O contraditório é que pudesse fazer humorismo uma pessoa que possuía tanto senso das proporções e da verdade escondida. Seu humorismo, bem reparado, não era o usual, pelo contrário, ele fazia humor sem caricaturar o assunto. Bernard Shaw, quando queria fazer graça, dizia a verdade. Ele também fez graça falando verdades, descobrindo verdades, tendo a coragem de ser odiado por dizê-las.
Como todo homem de sensibilidade, precisava de amigos e afeto; mas desprezava os mesquinhos, os medíocres, os debilóides, os cretinos.
Seu gosto era certo. Amava os livros e os discos, milhares de discos, discos que ouvia às vezes enquanto trabalhava, atendendo ao telefone a todo instante, recebendo amigos, contando piadas, e continuando a batucar na máquina, insistindo para que o visitante ficasse, sob a afirmação (verdadeira) de que estava acostumado a escrever no meio da maior confusão.
Eu, que apesar de tarimbado, já começo a ficar afobado no fim deste mal enramado artigo, com a redação querendo saber se já pode mandar buscá-lo, lembro a tranqüilidade de Sérgio no meio do caos, e não entendo o segredo que o dotou ao mesmo tempo de extraordinária capacidade de trabalho e da calma que deve ser a dos monges tibetanos.
De que morreu Sérgio Porto? Do coração e do trabalho.
No fim do ano passado, nas vésperas de Natal, estivemos juntos em Brasília: ele se lamentou o tempo todo no dia da volta, dizendo que ficaria ali, na ociosidade do hotel, por um tempo indeterminado. Foi difícil arrancá-lo da cama ao anoitecer. Este ano viajamos novamente juntos para São Paulo e Belo Horizonte. Foi a mesma coisa. Queria descansar, transfigurando-se no repouso, encarando com horror as atividades que o esperavam no Rio.
Na nossa última noite em Belo Horizonte, ele, Fernando, Rubem, Gérson Sabino e eu jantamos num restaurante muito bonito, que tinha de tudo, menos comida mineira. Sérgio reclamou tristemente durante todo o jantar. Queria arroz, feijão, couve, lingüiça.
Não sei por que essa lembrança me comove e serve para fechar esta página que eu não queria triste. Que a tristeza fique conosco, os amigos que o amavam.
Bibliografia:
Como Stanislaw Ponte Preta:
- Tia Zulmira e Eu - Editora do Autor, 1961- Primo Altamirando e Elas - Editora do Autor, 1962- Rosamundo e os Outros - Editora do Autor, 1963- Garoto Linha Dura - Editora do Autor, 1964- FEBEAPÁ1 (Primeiro Festival de Besteira Que Assola o País), Editora do Autor, 1966- FEBEAPÁ2 (Segundo Festival de Besteira Que Assola o Pais), Editora Sabiá, 1967- Na Terra do Crioulo Doido - FEBEAPÁ3 - A Máquina de Fazer Doido - Editora Sabiá, 1968
Com o nome de Sérgio Porto:
- A Casa Demolida - Editora do Autor/1963 (Reedição ampliada e revista de O Homem ao Lado - Livraria. José Olympio Editores)- As Cariocas - Editora Civilização Brasileira, 1967
Sobre o autor:
- Dupla Exposição: Stanislaw Sérgio Ponte Porto Preta, Renato Sérgio, Ediouro, Rio de Janeiro, 1998.
fonte:http://www.releituras.com/spontepreta_bio.asp
Sérgio Porto, por ele mesmo, "Auto-retrato do artista quando não tão jovem"
"ATIVIDADE PROFISSIONAL: Jornalista, radialista, televisista (o termo ainda não existe, mas a atividade dizem que sim), teatrólogo ora em recesso, humorista, publicista e bancário.
OUTRAS ATIVIDADES: Marido, pescador, colecionador de discos (só samba do bom e jazz tocado por negro, além de clássicos), ex-atleta, hoje cardíaco. Mania de limpar coisas tais como livros, discos, objetos de metal e cachimbos.
PRINCIPAIS MOTIVAÇÕES: Mulher.
QUALIDADES PARADOXAIS: Boêmio que adora ficar em casa, irreverente que revê o que escreve, humorista a sério.
PONTOS VULNERÁVEIS: Completa incapacidade para se deixar arrebatar por política. Jamais teve opinião formada sobre qualquer figurão da vida pública, quer nacional, quer estrangeira.
ÓDIOS INCONFESSOS: Puxa-saco, militar metido a machão, burro metido a sabido e, principalmente, racista.
PANACÉIAS CASEIRAS: Quando dói do umbigo para baixo: Elixir Paregórico. Do umbigo para cima: aspirina.
SUPERTIÇÕES INVENCÍVEIS: Nenhuma, a não ser em véspera de decisão de Copa do Mundo. Nessas ocasiões comparativamente qualquer pai-de-santo é um simples cético.
TENTAÇÕES IRRESISTÍVEIS: Passear na chuva, rir em horas impróprias, dizer ao ouvido de mulher besta que ela não tão boa quanto pensa.
MEDOS ABSURDOS: Qualquer inseto taludinho (de barata pra cima).
ORGULHO SECRETO: Faz ovo estrelado como Pelé faz gol. Aliás, é um bom cozinheiro no setor mais difícil da culinária: o trivial.
Assinado, Sérgio Porto, agosto de 1963."
Filho de Américo Pereira da Silva Porto e de D. Dulce Julieta Rangel Porto, Sérgio Marcos Rangel Porto, um cidadão acima de qualquer desfeita, nasceu no Rio de Janeiro em pleno verão, no dia 11 de janeiro de 1923, e ficou famoso anos depois sob o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta, emprestado à Oswald de Andrade (vide Memórias de Serafim Ponte Grande). Foi casado com Dirce Pimentel de Araújo, com quem teve três filhas: Gisela, Ângela e Solange.
Dizem seus estudiosos que no citado livro teria encontrado seu grande filão:a irreverência. Começou uma obra carioquíssima, até hoje insuperável, transpondo para jornais, livros e revistas o saboroso coloquial do Rio de Janeiro. Afirmam, também, que as melhores crônicas são aquelas onde a disposição de desfazer o sentido de uma palavra ou de uma situação não se manifesta apenas no final do enredo, mas parece atingir a estrutura da narrativa; quer dizer, a partir de pistas falsas, a história é conduzida visando a um final que não acontece, substituído por outro, totalmente inesperado (vejam Menino Precoce e A Charneca, por exemplo).
Era um mestre das comparações enfáticas:
"Mais inchada do que cabeça de botafoguense""Mais assanhado do que bode velho no cercado das cabritas""Mais suado do que o marcador de Pelé""Mais duro do que nádega de estátua""Mais feia do que mudança de pobre""Mais murcho do que boca de velha"
Traçou, em 12 palavras, o retrato de uma época , os tais anos dourados nada permissivos, quando o preconceito prevalecia, principalmente em matéria de sexo:
"Se peito de moça fosse buzina, ninguém dormia nos arredores daquela praça". Antes da liberação sexual, as praças e outros cantinhos escuros eram, então, um buzinaço.
Criador de Tia Zulmira, Rosamundo e Primo Altamirando, foi com seu Festival de Besteira que Assola o País - FEBEAPÁ, lançado em plena vigência da Redentora, apelido do golpe militar de 1964, que ele alcançou seu grande sucesso. Stanislaw afirmava ser difícil precisar o dia em que as besteiras começaram a assolar o Brasil, mas disse ter notado um alastramento desse festival depois que uma inspetora de ensino no interior de São Paulo, portanto uma senhora de nível intelectual mais elevado pouquinha coisa, ao saber que o filho tirara zero numa prova de matemática, embora sabendo tratar-se de um debilóide, não vacilou em apontar às autoridades o professor da criança como perigoso agente comunista.
Outras besteiras colhidas pelo autor:"No mesmo dia em que o governo resolvia intervir em todos os sindicatos, resolvia mandar uma delegação à 16a. Sessão do Conselho de Administração da OIT, em Genebra. Ao Brasil caberia exatamente fazer parte da Comissão de Liberdade Sindical.Na mesma ocasião, um time da Alemanha Oriental vinha disputar alguns jogos aqui e então o Itamarati distribuiu uma nota avisando que eles só jogariam se a partida não tivesse cunho político. Em Mariana, MG, um delegado de polícia proibia casais de se sentarem juntos na única praça namorável da cidade, baixando portaria dizendo que moça só podia ir ao cinema com atestado dos pais. Em Belo Horizonte, um outro delegado distribuía espiões pelas arquibancadas dos estádios. Dali em diante quem dissesse mais de três palavrões ia preso."
Na mesma época (1954) em que o jornalista Jacinto de Thormes publicou na revista Manchete a lista das "Mulheres Mais Bem Vestidas do Ano", Stanislaw, que escrevia na mesma revista sobre teatro-rebolado, não quis ficar por baixo e inventou a lista das "Mulheres Mais Bem Despidas do Ano". Com a grita das mães das vedetes, passou a usar uma expressão ouvida de seu pai -- "Olha só que moça mais certa" -- e estavam, assim, criadas as "certinhas" do Lalau. De 1954 a 1968 foram 142 as selecionadas. Dentre outras, podemos citar Aizita Nascimento, Betty Faria, Brigitte Blair, Carmen Verônica, Eloina, Íris Bruzzi, Mara Rúbia, Miriam Pérsia, Norma Bengell, Rose Rondelli, Sônia Mamede e Virgínia Lane.
Ao contrário do que parecia ser -- um cara folgado, brincalhão, gozador e pouco chegado ao labor, Sérgio Porto, por suas inúmeras atribuições, era um lutador. Nos últimos anos de vida tinha uma jornada nunca inferior a 15 horas de trabalho por dia."Só estou levantando o olho da máquina de escrever pra botar colírio. Hoje fui gravar na televisão e antes foi aquela batalha contra as teclas. Estou trabalhando demais, outra vez. Só para esta semana: seis Stanislaws, um Fatos & Fotos, um final apoteótico para o novo programa do Chico Anísio, roteiro e script para aquela bosta chamada Espetáculos Tonelux, depois quadros humorísticos para a TV Rio, Miss Campeonato, Da Boca pra Fora, o programa de rádio Atrações A-9, além da revisão do livro O Homem ao Lado que será reeditado no próximo mês e da gravação do programa Qual é o assunto?" Para alguém que teve seu primeiro infarto ao 36 anos, era demais.
"Tunica, eu tô apagando". Essas foram as últimas palavras ditas pelo autor ao sofrer seu derradeiro infarto, no dia 29 de setembro de 1968.
Paulo Mendes Campos, o excelente e tão esquecido cronista mineiro, traça um perfil do autor em um texto cheio de humor e de dor pelo falecimento de Stanislaw Ponte Preta (in "O Anjo Bêbado", Editora do Autor – Rio de Janeiro, 1969, pág. 7).
SÉRGIO E STANISLAW PONTE PRETA
O diabo o é que todo mundo pensa que sou um cínico; ninguém acredita que sou um sentimentalão que não agüenta uma gata pelo rabo.
Sérgio me dizia isso a milhares de metros de altitude, copo de uísque na mão, rumo a Buenos Aires. Ao saber que eu tinha resolvido assistir ao jogo Brasil e Uruguai, no Campeonato Pan-Americano de 1959, veio procurar-me com uma ansiedade incomum: precisava afastar-se do Rio de qualquer jeito, me disse, tinha decisivos assuntos íntimos sobre os quais queria pensar.
Sendo assim, por que ir a Buenos Aires? Não fiz a pergunta por entendê-lo: Sérgio possuía o talento de viver em diversas faixas ao mesmo tempo; Buenos Aires lhe calhava numa instância de decisões pessoais porque o recolhimento do hotel se somava aos benefícios do torneio de futebol, da companhia dos amigos, das anedotas jornalísticas e até mesmo dos restaurantes portenhos.
Já dentro do avião, nessa ou em qualquer outra viagem, desligado de suas duras obrigações, transformava-se: mesmo roído por dentro, a gratuidade do instante era boa demais para não ser aproveitada. Sempre que uma aeromoça lhe perguntava se queria um sanduíche ou um refrigerante, respondia alegremente com uma frase que ouviu de Bili Blanco: "Quero tudo a que eu tenha direito." E era verdade.
Na chegada a Buenos Aires, houve uma dessas súbitas situações cômicas criadas por aquele homem carregado de conflitos: avião estacionado, entrou nele um médico da saúde pública, um homem ruivo e bastante calvo. Pedindo aos passageiros que exibissem o atestado de vacina, o médico estendeu a mão para Sérgio, ao mesmo tempo que dizia em tom cavo e impessoal: "Vacunación, señor." Como se estivesse recebendo um cumprimento de boas-vindas, Stanislaw (aí era ele), muito grave, apertou a mão do médico, falando claro e efusivo: "Vacunación para usted también?" O médico, rubro de indignação, expulsou-nos do avião, sem mais exigir o documento sanitário e, enquanto eu explodia de rir, ele sussurrava-me entre os dentes: "Agüenta a mão, se não a gente acaba em cana."
O dom mais surpreendente de Sérgio era esse trânsito livre entre as manifestações da vida. Ainda no dia de nossa chegada a Buenos Aires, eu o veria em atitudes múltiplas: durante o jogo dramático entre o Brasil e o Uruguai (o três a um da briga), ele deu um empurrão nos peitos dum argentino que insultava os brasileiros, chorou quando Paulo Valentim fez o terceiro gol, riu-se às gargalhadas quando o Garrincha passou indiferente entre uruguaios e entrou no ônibus com um sanduíche enorme na boca e outro na mão; e ainda conversou longamente comigo sobre suas aflições, depois de cear com entusiasmo.
Quando acordei, ele já andava pelo saguão, depois de ler os jornais todos, à cata de histórias do Mendonça Falcão - a máquina já destampada no quarto.
Fiquei seu amigo há mais de vinte anos, quando ele escrevia crônicas de música popular para a revista Sombra. Bonito, forte, elegante, inteligente, alegre, simpático - era um privilegiado sem ostentação. Só lhe faltava o dinheiro, como de resto ao grupo todo: mesmo mal pagos, tínhamos de aceitar as ofertas que a imprensa nos fazia como um favor, bicando aqui e ali, sofrendo na carne os atrasos do caixa, brigando pelo dinheirinho de cada dia. Mas o clima não era de miséria nem de tristeza: bebíamos crepuscularmente nosso uísque escocês no Pardellas da Rua México, dançávamos no Vogue, andávamos de táxi. Já que o dinheiro era pouco, o jeito era gastá-lo no essencial: o apartamento próprio que esperasse.
Eustáquio Duarte, Lúcio Rangel, Luís Jardim, Cássio Fonseca, Jarbas Duarte eram diariamente pontuais no Pardellas; Zé Lins do Rego, Rosário Fusco, Santa Rosa, Jaime Adour da Câmara, Flávio de Aquino, Simeão Leal, Luis Santa Cruz e outros apareciam com freqüência. O jazz negro era o nosso alimento: Sérgio e seu tio Lúcio Rangel ensinaram ao resto da turma o que era puro nesse setor e o que se contaminara.
Por um momento, numa fase financeira mais dura, quase o acompanhei num gesto até certo ponto desesperado: o de escrever programas de rádio. Para ele foi o início duma vida de sucesso profissional e cruel desgaste físico. Na imprensa, no rádio e na televisão do Brasil a ascensão se confunde com a queda. Sucesso nesse terreno não é poder trabalhar menos e ganhar o suficiente: é trabalhar sempre mais. Vitorioso no Brasil é o jornalista que sempre encontra mercado de trabalho; e não preços mais altos. Só chega ao chamado certo nível de vida somando diversas atividades corrosivas.
O humorista começou a surgir no semanário Comício, excelente escola de descontração do estilo jornalístico, dirigido por Rubem Braga, e Joel Silveira, onde escreviam ainda Clarice Lispector, Millôr Fernandes, Fernando Sabino, Otto Lara Resende, Rafael Correia de Oliveira, Carlos Castelo Branco, Edmar Morel, onde também apareceram as primeiras crônicas de Antônio Maria e as primeiras reportagens de Pedro Gomes.
Digo o humorista profissional, porque o da convivência com os amigos vinha do tempo das peladas em Copacabana: Sandro Moreira, João Saldanha, Mauricinho Porto, George Rangel, Máriozinho de Oliveira, Carlos Peixoto e Carlinhos Niemeyer são alguns que se lembram das histórias engraçadas de Sérgio, o Bolão.
Sua vivacidade era tão instantânea que sempre a aceitei com naturalidade. Espantava-me, isto sim, seu discernimento, agudo, preciso, a respeito de tudo: uma canção, um cantor, um vestido, um quadro, uma atmosfera, uma situação complicada. Dizia em cima a palavra exata, a observação certa, o julgamento justo.
O contraditório é que pudesse fazer humorismo uma pessoa que possuía tanto senso das proporções e da verdade escondida. Seu humorismo, bem reparado, não era o usual, pelo contrário, ele fazia humor sem caricaturar o assunto. Bernard Shaw, quando queria fazer graça, dizia a verdade. Ele também fez graça falando verdades, descobrindo verdades, tendo a coragem de ser odiado por dizê-las.
Como todo homem de sensibilidade, precisava de amigos e afeto; mas desprezava os mesquinhos, os medíocres, os debilóides, os cretinos.
Seu gosto era certo. Amava os livros e os discos, milhares de discos, discos que ouvia às vezes enquanto trabalhava, atendendo ao telefone a todo instante, recebendo amigos, contando piadas, e continuando a batucar na máquina, insistindo para que o visitante ficasse, sob a afirmação (verdadeira) de que estava acostumado a escrever no meio da maior confusão.
Eu, que apesar de tarimbado, já começo a ficar afobado no fim deste mal enramado artigo, com a redação querendo saber se já pode mandar buscá-lo, lembro a tranqüilidade de Sérgio no meio do caos, e não entendo o segredo que o dotou ao mesmo tempo de extraordinária capacidade de trabalho e da calma que deve ser a dos monges tibetanos.
De que morreu Sérgio Porto? Do coração e do trabalho.
No fim do ano passado, nas vésperas de Natal, estivemos juntos em Brasília: ele se lamentou o tempo todo no dia da volta, dizendo que ficaria ali, na ociosidade do hotel, por um tempo indeterminado. Foi difícil arrancá-lo da cama ao anoitecer. Este ano viajamos novamente juntos para São Paulo e Belo Horizonte. Foi a mesma coisa. Queria descansar, transfigurando-se no repouso, encarando com horror as atividades que o esperavam no Rio.
Na nossa última noite em Belo Horizonte, ele, Fernando, Rubem, Gérson Sabino e eu jantamos num restaurante muito bonito, que tinha de tudo, menos comida mineira. Sérgio reclamou tristemente durante todo o jantar. Queria arroz, feijão, couve, lingüiça.
Não sei por que essa lembrança me comove e serve para fechar esta página que eu não queria triste. Que a tristeza fique conosco, os amigos que o amavam.
Bibliografia:
Como Stanislaw Ponte Preta:
- Tia Zulmira e Eu - Editora do Autor, 1961- Primo Altamirando e Elas - Editora do Autor, 1962- Rosamundo e os Outros - Editora do Autor, 1963- Garoto Linha Dura - Editora do Autor, 1964- FEBEAPÁ1 (Primeiro Festival de Besteira Que Assola o País), Editora do Autor, 1966- FEBEAPÁ2 (Segundo Festival de Besteira Que Assola o Pais), Editora Sabiá, 1967- Na Terra do Crioulo Doido - FEBEAPÁ3 - A Máquina de Fazer Doido - Editora Sabiá, 1968
Com o nome de Sérgio Porto:
- A Casa Demolida - Editora do Autor/1963 (Reedição ampliada e revista de O Homem ao Lado - Livraria. José Olympio Editores)- As Cariocas - Editora Civilização Brasileira, 1967
Sobre o autor:
- Dupla Exposição: Stanislaw Sérgio Ponte Porto Preta, Renato Sérgio, Ediouro, Rio de Janeiro, 1998.
fonte:http://www.releituras.com/spontepreta_bio.asp
18 de jun. de 2008
::. Lima Barreto (1881 - 1922)
AFONSO HENRIQUES DE LIMA BARRETO nasceu a 13 de maio de 1881 no Rio de Janeiro. Filho de uma escrava com um português, cursou as primeiras letras em Niterói e depois transferiu-se para o Colégio Pedro II. Em 1897 ingressou no curso de engenharia da Escola Politécnica. Em 1902 abandonou o curso para assumir a chefia e o sustento da família, devido ao enlouquecimento do pai, e empregou-se como amanuense na Secretaria da Guerra.Apesar do emprego público e das várias colaborações no jornais da época lhe darem uma certa estabilidade financeira, Lima Barreto começou a entregar-se ao álcool e a ter profundas crises de depressão. Tudo isso causado pelo preconceito racial. No ano de 1909 fez sua estréia como escritor com o lançamento da obra "Recordações do Escrivão Isaías Caminha" publicada em Portugal. Nessa época, dedicou-se à leitura dos grandes nomes da literatura mundial, dos escritores realistas europeus de seu tempo, tendo sido dos poucos escritores brasileiros a tomar conhecimento e a ler os romancistas russos.
Em 1910, fez parte do júri no julgamento dos participantes do episódio chamado "Primavera de sangue", condenando os militares no assassinato de um estudante, sendo por isso preterido, daí para frente, nas promoções na Secretaria da Guerra. Em 1911 escreveu o romance "Triste fim de Policarpo Quaresma", publicado em folhetins no Jornal do Comércio. Apesar do aparente sucesso literário, Lima Barreto não consegue afastar-se do álcool é internado por duas vezes entre os anos de 1914 e 1919. A partir de 1916 começou a militar a favor da plataforma anarquista. Em 1917 publicou um manifesto socialista, que exaltava a Revolução Russa. No ano seguinte, doente e muito fraco, foi aposentado do serviço público e em 1º de novembro de 1922 veio a falecer, vítima de um colapso cardíaco. Lima Barreto é considerado um autor Pré-modernista por causa da forma com que encara os verdadeiros problemas do Brasil. Dessa forma, critica o nacionalismo ufanista surgido no final do séc. XIX e início do XX. Apesar de Lima Barreto não ter sido reconhecido, em seu tempo, como um grande escritor, é inegável que pelo menos o romance "Triste Fim de Policarpo Quaresma" figure entre as obras primas da nossa literatura. ::. Principais Obras
Romances - Recordações do escrivão Isaías Caminha (1909);
- Triste fim de Policarpo Quaresma (1915);
- Numa e a ninfa (1915);
- Vida e morte de M. J. Gonzaga de Sá (1919);
- Clara dos Anjos (1948).
Sátira- Os Bruzundangas (1923);
Sátira- Os Bruzundangas (1923);
- Coisas do Reino do Jambom (1953).
Contos- Histórias e sonhos (1920);
Contos- Histórias e sonhos (1920);
- Outras histórias e Contos argelinos (1952)
::. Biblioteca On-lineAs obras abaixo estão disponíveis para download.
Os Bruzundangas;
Clara dos Anjos;
Histórias e sonhos;
Marginália;
O homem que sabia Javanês;
O Subterrâneo do Morro do Castelo;
Recordações do Escrivão Isaías Caminha;
Triste Fim de Policarpo Quaresma
fonte:http://www.mundocultural.com.br/literatura1/pre-modernismo/lbarreto.
::. Biblioteca On-lineAs obras abaixo estão disponíveis para download.
Os Bruzundangas;
Clara dos Anjos;
Histórias e sonhos;
Marginália;
O homem que sabia Javanês;
O Subterrâneo do Morro do Castelo;
Recordações do Escrivão Isaías Caminha;
Triste Fim de Policarpo Quaresma
fonte:http://www.mundocultural.com.br/literatura1/pre-modernismo/lbarreto.
16 de jun. de 2008
Biografia
Manoel de Barros nasceu no Beco da Marinha, beira do Rio Cuiabá em 1916. Mudou-se para Corumbá, onde se fixou de tal forma que chegou a ser considerado corumbaense. Atualmente mora em Campo Grande. É advogado, fazendeiro e poeta. Escreveu seu primeiro poema aos 19 anos, mas sua revelação poética ocorreu aos 13 anos de idade quando ainda estudava no Colégio São José dos Irmãos Maristas, Rio de Janeiro. Autor de várias obras pelas quais recebeu prêmios como o "Prêmio Orlando Dantas" em 1960, conferido pela Academia Brasileira de Letras ao livro "Compêndio para Uso dos Pássaros". Em 1969 recebeu o Prêmio da Fundação Cultural do Distrito Federal pela obra "Gramática Expositiva do Chão" e, em 1997 o "Livro Sobre Nada" recebeu um prêmio de âmbito nacional.
Obras
1937 - Poemas concebidos sem pecado
1942 - Face Imóvel
1956 - Poesia
1960 - Compêndio para Uso dos Pássaros
1966 - Gramática Expositiva do Chão
1974 - Matéria de Poesia1982 - Arranjos para Assobio
1985 - Livro de Pré Coisas1989 - O Guardador das Águas
1991 - Concerto a Céu Aberto para Solos de Aves
1996 - Livro Sobre Nada
Perfil
Cronologicamente pertence à geração de 45. Poeta moderno no que se refere ao trato com a linguagem. Avesso à repetição de formas e ao uso de expressões surradas, ao lugar comum e ao chavão. Mutilador da realidade e pesquisador de expressões e significados verbais. Temática regionalista indo além do valor documental para fixar-se no mundo mágico das coisas banais retiradas do cotidiano. Inventa a natureza através de sua linguagem, transfigurando o mundo que o cerca. Alma e coração abertos a dor universal. Tematiza o Pantanal, universalizando-o. A natureza é sua maior inspiração, o Pantanal é o de sua poesia.
(Fonte: Fundação Manoel de Barros)
Manoel de Barros nasceu no Beco da Marinha, beira do Rio Cuiabá em 1916. Mudou-se para Corumbá, onde se fixou de tal forma que chegou a ser considerado corumbaense. Atualmente mora em Campo Grande. É advogado, fazendeiro e poeta. Escreveu seu primeiro poema aos 19 anos, mas sua revelação poética ocorreu aos 13 anos de idade quando ainda estudava no Colégio São José dos Irmãos Maristas, Rio de Janeiro. Autor de várias obras pelas quais recebeu prêmios como o "Prêmio Orlando Dantas" em 1960, conferido pela Academia Brasileira de Letras ao livro "Compêndio para Uso dos Pássaros". Em 1969 recebeu o Prêmio da Fundação Cultural do Distrito Federal pela obra "Gramática Expositiva do Chão" e, em 1997 o "Livro Sobre Nada" recebeu um prêmio de âmbito nacional.
Obras
1937 - Poemas concebidos sem pecado
1942 - Face Imóvel
1956 - Poesia
1960 - Compêndio para Uso dos Pássaros
1966 - Gramática Expositiva do Chão
1974 - Matéria de Poesia1982 - Arranjos para Assobio
1985 - Livro de Pré Coisas1989 - O Guardador das Águas
1991 - Concerto a Céu Aberto para Solos de Aves
1996 - Livro Sobre Nada
Perfil
Cronologicamente pertence à geração de 45. Poeta moderno no que se refere ao trato com a linguagem. Avesso à repetição de formas e ao uso de expressões surradas, ao lugar comum e ao chavão. Mutilador da realidade e pesquisador de expressões e significados verbais. Temática regionalista indo além do valor documental para fixar-se no mundo mágico das coisas banais retiradas do cotidiano. Inventa a natureza através de sua linguagem, transfigurando o mundo que o cerca. Alma e coração abertos a dor universal. Tematiza o Pantanal, universalizando-o. A natureza é sua maior inspiração, o Pantanal é o de sua poesia.
(Fonte: Fundação Manoel de Barros)
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